Para muitos de nós, o Papai Noel é a figura suprema do Natal, voando por aí de trenó e entregando presentes na noite do dia 25. Chamado de Santa Claus nos EUA e de Father Christmas na Europa, o Papai Noel é uma folclorização de São Nicolau, um santo católico do século 4. Mas ele não é a única figura natalina existente: temos, por exemplo, os Jólasveinar da Islândia (duendes que dão batatas podres aos maus comportados) e a italiana La Befana (uma bruxa que traz presentes).
Mas talvez o mais famoso entre os ícones natalinos alternativos seja o Krampus, uma criatura que faz parte do folclore na Alemanha e na Áustria. Trata-se de uma figura demoníaca, com longos chifres e barba de bode, lembrando algumas representações clássicas do diabo. Desde o século 17, nessas regiões o Krampus está associado ao Natal e a São Nicolau.
Na tradição natalina, o Krampus visita as casas das crianças no dia 5 de dezembro (“krampusnacht”, ou noite do Krampus) e deixa amontoados de galhos para as que se comportaram mal. Ele até mesmo bate nelas com os galhos, utilizando-os como chicotes. Em alguns casos, ele recolhe as crianças levadas em um saco e as carrega nas costas para despejá-las em algum rio — ou então levá-las direto para o inferno. No dia 6, que é Dia de São Nicolau, as crianças acordam e verificam o que tem no sapato que deixaram para fora de casa: um presente do santo bonzinho ou os galhos do malvado Krampus.
Na vida real, a coisa não fica muito mais leve: as pessoas criam fantasias elaboradas de Krampus e saem pelas ruas assustando os passantes. Existe até um evento, o Krampuslauf, em que os fantasiados (algumas vezes, bêbados) desfilam pelas ruas, perseguem turistas e chegam até mesmo a agredi-los. É muito comum, durante as festividades de fim de ano, ver o Krampus estampado em cartões de Natal, geralmente retratado com um pé humano e um pé de cabra, além de uma longa língua demoníaca.
O nome Krampus deriva da palavra alemã “krampen”, que significa “garra”. Ele seria o filho de Hel, a rainha do submundo na mitologia nórdica. Acredita-se que, por muito tempo, o Krampus foi parte de rituais pagãos relacionados ao solstício de inverno, nos quais ele não era uma figura associada exclusivamente às crianças. O galho com que ele açoita os outros, inclusive, seria um elemento remanescente dessa época, com conotação fálica. Fisicamente, a criatura também compartilha características com bestas da mitologia grega, como sátiros e faunos.
O Krampus, inclusive, chegou a ser banido. Entre 1934 e 1938, quando a Áustria estava sob um regime fascista comandado por um partido chamado Frente Patriótica, foi proibido que as pessoas se fantasiassem de Krampus ou dançassem em homenagem a ele.
Nos últimos anos, o personagem se espalhou pela cultura pop, estrelando um filme de terror em Hollywood e aparecendo em seriados como American Dad e Supernatural. Além disso há festas comemorando o Krampus em cidades como Washington e Nova Orleans.
Fonte: abril