Na costa oeste da Noruega, uma moeda e um broche com pedaços de tecido foram achados por um simples detector de metal amador. Numa examinação posterior do local, arqueólogos descobriram que a região de Skumsnes – a cerca de 400 km de Olso, capital do país – já foi um cemitério viking, com três túmulos escavados e provavelmente 20 sepulturas ainda por investigar.
Os arqueólogos da Universidade de Bergen confirmaram que os itens encontrados na região tem cerca de 1.200 anos e pertencem ao começo da Era Viking, que durou entre 793 d.C. e 1066 d.C. Os três túmulos estudados são da primeira metade do século 9 e pertenceram a mulheres, que foram sepultadas com várias joias encontradas em ótimo estado de preservação.
“De uma perspectiva acadêmica, esse é um pequeno depósito de tesouros”, explicou o arqueólogo Søren Diinhoff em entrevista ao site Science Norway. Diversas joias, broches e até um barco inteiro foram encontrados nesses túmulos.
Joias importadas
Na Era Viking, Skumsnes provavelmente era uma fazenda de localização estratégica que pertencia a um rei regional. A região podia funcionar como porto para barcos que passassem por ali. Hospedar esses viajantes provavelmente era uma fonte de riqueza para a população, o que explica os túmulos bem mais ricos e adornados que o normal para os vikings.
Um dos túmulos encontrados era uma fenda natural coberta por pedras. Outros “túmulos semi-naturais” como esse já foram identificados na região – mas não com joias tão interessantes como as de Skumsnes. Um exemplo são os broches ovais, que as mulheres vikings usavam para apertar seus vestidos.
Várias das joias nos túmulos eram importadas, com origens na Inglaterra ou na Irlanda. E isso nos túmulos mais humildes.
Uma das mulheres foi enterrada junto de pedras no formato de um barco de 4 m de comprimento. Dentro, rebites de barco para que ela pudesse ir velejando para o pós-vida, 11 moedas de prata e um colar com 46 contas de vidro – muita coisa para os padrões de bijuteria da época. Além disso, ela também foi sepultada com ferramentas e materiais de produção têxtil. Ostentação pura.
Uma das moedas no túmulo, que fazia parte do colar, era do rei de Hedeby ou de Ribe, duas cidades vikings na Dinamarca. Outras moedas ali eram da dinastia carolíngia, do Império Franco (que ocupou a área que hoje é da França), o que sugere que a mulher tinha conexões estrangeiras. Uma chave de bronze no túmulo indica que ela era a chefe de sua casa.
Pedra de vulva?
Os arqueólogos não encontraram restos humanos em nenhum dos túmulos. A culpa provavelmente é da composição do solo do oeste da Noruega, que inviabiliza a preservação dos ossos. Mesmo assim, há uma chance de que as joias tenham sido enterradas sem suas donas, e os túmulos sejam só memoriais. Uma das descobertas – talvez a mais inesperada – ajuda a sustentar essa hipótese.
Bem no meio da sepultura em formato de barco, onde deveria estar o mastro, os arqueólogos encontraram uma pedra diferente de todas as outras ali: uma “pedra de vulva”. Tire suas próprias conclusões:
Para os especialistas, que estavam examinando ela presencialmente e não por uma foto na tela de um celular ou computador, a semelhança com a genitália feminina era “muito óbvia”, segundo Diinhoff. Pode ser que a “pedra de vulva” tenha sido posicionada ali para simbolizar a mulher morta, que nunca foi enterrada no túmulo. Era tanta joia que tiveram que fazer uma sepultura só para elas.
Fonte: abril