Há seis anos, ela é uma das alunas de pole e lira do estúdio Mátria, no bairro Araés, em Cuiabá, mas a dança sempre esteve presente na vida de Laura. Ainda na infância, ela começou a fazer aulas de balé clássico, algo que deixou de lado apenas durante o período em que cursou engenharia civil.
“Uma amiga que adora se movimentar, como eu, falou para tentarmos o pole. Pensei que deveria ser algo muito difícil de fazer, mas quando você começa, você vai amando. Sempre tem um desafio e isso é uma coisa bem gostosa, da gente se superar mesmo”.
Uma dos pontos que fizeram Laura criar afeto pelas aulas de pole foi a possibilidade de estar em um ambiente sem julgamentos, seja de forma física, corpo, idade ou habilidades nos movimentos na barra. “Não tem uma disputa de quem está melhor ou não”, conta.
Mãe de dois filhos, a engenheira civil também já é avó de três netos, mas rompe com o estereótipo da avó frágil e com estilo de vida calmo. Ela dá risada quando lembra que a filha brinca sobre a falta de espaço na agenda de Laura. “As vezes ela liga e eu estou indo para o pilates, depois para o pole, sempre tem alguma coisa”.
Nem mesmo durante a gravidez, ela deixou de se movimentar. “A vida inteira fiz balé e continuei a dançar quando estava grávida até os oito meses de gestação. Esses dias minha filha contou que a psicóloga perguntou por que ela era tão alegre, questionou se a mãe dançou durante a gravidez”, conta Laura.
A engenheira civil explica que não segue a rotina de exercícios por motivos físicos, como se manter magra, por exemplo. Para Laura, o ato de se movimentar tornou-se uma necessidade, algo que ela faz para ficar feliz.
“Penso que faço por amor mesmo, gosto do que faço e sinto muita falta. Me exercito todos os dias, de 4h a 5h por dia. Sinto prazer nisso.
O envelhecimento não é um tabu ou um bicho de sete cabeças para Laura, que ressalta não ter vergonha do próprio corpo. Uma das formas que ela encontrou para passar pelo processo de envelhecer foi viver sempre no presente, sem fazer tantos planos para o futuro.
“É uma coisa difícil envelhecer, você vê muita coisa passando, até porque você vê que o tempo que passou já é maior do que o que você tem pela frente. É um pouco assustador isso, mas todo mundo vai passar por isso. Cada um escolhe envelhecer da maneira que achar melhor, se você quer envelhecer com alegria, com movimento, faça isso”.
“Você pode envelhecer amargurado, xingando todo mundo dentro de casa, vendo só televisão. Tem essa opção, é de cada um. Não me vejo sentada em casa sem fazer nada”, continua.
Há cinco décadas, Laura também tem uma parceria importante no estilo de vida que escolheu, já que o marido, assim como ela, não gosta de ficar parado. “Ele é igualzinho”, compara aos risos.
“Tem 74 anos, é ativo também, faz exercícios todo dia, joga tênis, continua trabalhando do mesmo jeito”.
Além da paixão pelos exercícios, as viagens estão entre os hobbies do casal que já “fechou o mundo”, como conta Laura. Recentemente, eles voltaram da Arábia Saudita e se preparam para conhecer a Austrália no próximo mês. “É o único continente que não conheço”, diz a engenheira civil.
“É uma vida bem feliz, encontrei um parceiro muito parceiro. Eu não conseguiria envelhecer ao lado de uma pessoa parada, triste e amargurada. Envelhecer pode ser triste por outras coisas, mas não pelo processo do envelhecimento, porque ele é natural”.
Como é vaidosa, a rotina de cuidados com o corpo e a pele também fazem parte da realidade de Laura, que reforça que atualmente há muitas possibilidades para se cuidar durante a terceira idade.
“Hoje temos alcance muito mais facilmente do que na época da minha mãe ou da minha avó. Eu sou bem vaidosa, me cuido bastante. Acho que se você tem essa opção, use essa opção, se você não tem, procure as que estejam ao seu alcance”.
Laura não pensa em quantos anos ainda quer viver. “Se você não viver o agora, o futuro não vai existir. Você vai chegar aos 100 anos e pensar, ‘e quando chegar aos 110?’ Para que pensar em idade, me fala? A idade é uma coisa que está aí, mas não significa nada”.
No entanto, a longevidade é algo que está na família dela e do marido. O pai de Laura morreu aos 102 anos, “totalmente lúcido”, reforça, enquanto os avós morreram com quase 100 anos.
“A minha sogra tem 97 anos, escreve livro ainda, adora ir nos lugares, faz discurso. Ela é fantástica. As pessoas estão se cuidando mais, tendo hábitos mais saudáveis”.
Fonte: Olhar Direto