Se sairmos da posição de julgadoras e jogadoras podemos aprender muito com a Carla Diaz. Primeiro que ela merece respeito, assim como todas nós.
Ser taxada de trouxa, burra e sonsa por outras mulheres por estar em um relacionamento sem reciprocidade só reforça a nossa cultura de julgamento sobre as mulheres que vivem uma relação abusiva – seja emocional ou física – como se fosse simples sair dela.
Nós mulheres somos incentivadas desde muito cedo de inúmeras formas, a buscar o nosso final feliz e em prol dele: relevar, perdoar, insistir para fazer essa relação “dar certo”.
Essa trilha de insistência percorrida em nome do amor acaba minando nossa autoestima e nos fragilizando frente ao outro, nos tornando dependente e muitas vezes nos colocando em sacrifício para benefício do próprio parceiro como assistimos Carla Diaz fazer.
Ah, mas como ela não percebe!?
Ela não percebe assim como você também muitas vezes não conseguiu perceber quando investiu em um relacionamento que claramente dava sinais que o cara não estava afim.
Quando você mandou mensagens e não teve retorno, quando você preparou para um encontro e não recebeu sequer um elogio, quando você procurou e foi ignorada, quando falou e ele não deu importância para o que você dizia, quando ele invalidou o que você sentia, quando ele preferiu os amigos a você… e eu poderia continuar essa lista…
A diferença: Carla estava sendo televisionada 24 horas por dia, você não.
A semelhança: Carla tinha um recorte da sua realidade, assim como você tem uma perspectiva da sua. Carla foi alertada por outras amigas e ignorou, assim como você provavelmente em algum momento também já foi.
Carla Diaz se prejudicou no jogo? Sim!
Estava cega pelo que ela mesma chamava de paixão? Sim! Ela perdeu a possibilidade de ganhar um milhão e meio de reais? Sim!
Aqui fora um relacionamento abusivo faz com que você prejudique sua própria vida. Aqui fora uma relação abusiva também te cega, cala e seu impacto é ensurdecedor, faz com que você tenha perdas por vezes irreparáveis na sua saúde mental e também não a deixa perceber que seu amor-próprio e autoestima vale muito mais que o prêmio oferecido na casa.
Carla Diaz foi vítima de uma sociedade que mascara o relacionamento abusivo de amor, que ensina que mulheres devem insistir e consertar seus relacionamentos em vez de preservar seu amor-próprio.
Podemos falar mais sobre o comportamento imaturo do Arthur que é a postura clássica de muitos homens quando perdem o interesse? Devemos!
Mas, agora precisamos falar e aprender mais sobre autoestima, relacionamentos abusivos, empatia e respeito a outras mulheres!
Arthur e Carla – Fonte: Globo
Fonte: Globo
Por Camila Custódio
(Camila Custódio é idealizadora do Consultório Emocional – @consultorioemocional nas redes sociais.
Camila é Assistente Social, Terapeuta de Família e Casal, Terapeuta Relacional Sistêmica, Psicanalista e Coach. Especialista em Gestão da Emoção, Consultora em Desenvolvimento Humano. Escreve sobre saúde emocional, relacionamento, empoderamento feminino para sites, revistas e blogs. Atende pacientes online de todo o Brasil e do exterior.)
Editado e ilustrado por Laila Lopes.