Você sabe o que é elitismo cultural? É muito provável que já tenha se deparado com frases carregadas dele, mas pode não ter percebido. Por exemplo, comentários como “Ah, você curte esse tipo de filme? Então talvez ainda não tenha experimentado o que é cinema de verdade.” ou “Não vejo realities, prefiro ler um livro” revelam essa tendência.
Afinal, muitas pessoas se consideram superiores por não consumirem determinadas produções, principalmente aquelas negligenciadas pelas grandes indústrias. Mas o que é exatamente o elitismo cultural, e como se manifesta no nosso dia a dia? Em seguida, entenda mais sobre o tema!
O que significa elitismo cultural?
O elitismo cultural é a ideia de que apenas um pequeno grupo de manifestações artísticas e culturais merece reconhecimento como válido. Enquanto isso, as populares são desvalorizadas e consideradas de menor qualidade.
Assim, essa visão cria uma divisão que coloca no pedestal formas de arte e entretenimento associadas a um público mais restrito e privilegiado. Desse modo, ignora ou menospreza expressões que dialogam com a maioria da população.
Portanto, esse comportamento sustenta a formação de uma “elite cultural”, composta por pessoas que acreditam que seus gostos e hábitos de consumo artístico definem o que é ou não digno de ser chamado de cultura.
Então, essa elite geralmente evita qualquer produção considerada “acessível”. Por exemplo, não assiste a programas de TV aberta e não lê livros comerciais, alcançáveis para a maioria das pessoas. Além disso, costuma enaltecer obras consideradas intelectualmente sofisticadas, como filmes estrangeiros de difícil acesso ou literatura acadêmica.
Ou seja, sustenta a lógica de exclusão que transforma cultura e arte em ferramentas de segregação. Quanto mais simples e popular uma manifestação cultural, menos valor ela recebe aos olhos dessa elite.
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Como ocorre o elitismo cultural?
O elitismo cultural se manifesta de diversas formas no dia a dia. A elite cultural rotula, por exemplo, o funk como “barulho” ou até “violência”. No entanto, veem a ópera como uma forma de “arte refinada”.
Além disso, apesar da diversidade narrativa e impacto cultural, consideram os quadrinhos “infantis”, enquanto a literatura europeia carrega o peso de ser “séria” e “intelectual”.
Outro exemplo está nas discussões recorrentes nas redes sociais, como aquelas que criticam quem assiste a programas como o Big Brother Brasil (BBB). Comentários do tipo “assistir a isso é perda de tempo, por que você não lê um livro?” refletem o preconceito com entretenimento de fácil acesso.
Na mesma linha, fenômenos como o K-pop e a cultura geek também são vistos por alguns como “bobos” ou sem relevância, enquanto o teatro clássico é considerado “sofisticado”. Além disso, a elite também considera grafite como “vandalismo”, mas quadros de pintores renomados são “arte”.
Essas comparações ilustram como o elitismo cultural está enraizado em julgamentos que associam qualidade artística ao gosto de um grupo privilegiado, desconsiderando a pluralidade e a riqueza das manifestações populares.
Exemplos no cinema
No universo do cinema, o elitismo cultural também está presente. Isso porque filmes de ação e blockbusters são tratados como produtos descartáveis, destinados apenas ao consumo rápido. Por outro lado, obras aclamadas por festivais de cinema recebem o status de sofisticadas e culturalmente superiores.
Barbie abordou temas como identidade feminina, questões existenciais e crítica ao patriarcado, mas muitos taxaram o filme como “fútil” ou “superficial” devido a seu tom leve e estética vibrante.
Já Oppenheimer conquistou amplo reconhecimento por explorar temas considerados “sérios”, como a Segunda Guerra Mundial, a física quântica e os dilemas morais de um homem que transformou o curso da história.
Esse contraste reflete a tendência do elitismo cultural em priorizar narrativas que exaltam eventos históricos e complexidade técnica, enquanto desconsidera o valor simbólico e social de produções mais acessíveis ou voltadas para o entretenimento e memória afetiva.
Esse tipo de visão é tão comum que, até mesmo em premiações artísticas, academias criaram iniciativas para combater esse elitismo. Um exemplo recente é a nova categoria do Globo de Ouro, Conquista Cinematográfica e de Bilheteria.
Ela busca valorizar filmes que alcançam grandes audiências e sucesso comercial, reconhecendo a excelência por trás dessas produções.
Para serem elegíveis, os filmes devem arrecadar pelo menos 150 milhões de dólares, com pelo menos 100 milhões gerados nos Estados Unidos, ou alcançar números significativos de visualizações em plataformas de streaming, conforme métricas de fontes confiáveis. Inclusive, Barbie venceu essa premiação.
Conclusão
É importante lembrar que a cultura deve ser uma ponte que conecta pessoas, e não uma barreira que as separa. Por isso, questionar e combater o elitismo cultural é essencial para valorizar a diversidade e a riqueza de todas as formas de expressão artística.
Enfim, agora que você já sabe o que é elitismo cultural, que tal conferir também Manterrupting: o que é e como lidar com a interrupção feita por um homem? Isso e muito mais você acompanha em nossa categoria de reflexões e comportamento.
Fonte: fashionbubbles