Além das aulas de graça, as alunas foram contratadas pela empresa desde o início do curso, que teve cinco meses de capacitação, sendo três no Senai e dois no centro de formação da Energisa.
“Vestir esse uniforme é a concretização do meu sonho. Estou muito feliz e contente de ter passado pelo processo todo. Durante a formação eu cresci tanto profissionalmente como pessoalmente. Ser eletricista hoje para mim é uma oportunidade que vou abraçar e vou servir com alegria e amor”, explicou a aluna Giovana Martins da Silva.
A ideia de contratar as alunas desde o início veio de uma análise feita pela própria empresa, durante a seleção de candidatos. Muitas desistiam de participar porque mantinham os filhos sozinhas. “Em uma condição de que a mulher assume a função de mãe solo, ela precisa muitas vezes ter mais de um emprego para manter a família. E não tem tempo para se qualificar. Por isso fazer o curso já contratada faz a diferença”, afirmou o coordenador de treinamentos, Albert Barreto
A percepção também é constatada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), analisados pelo Observatório da Indústria da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt).
Segundo o IBGE, mesmo em Mato Grosso, que tem um cenário de emprego pleno, as mulheres têm mais dificuldade de encontrar um emprego. Hoje elas somam 68% do total de desempregados do estado, chegando a 855.596 pessoas sem trabalhar.
O principal motivo alegado para essa situação é o envolvimento com afazeres domésticos, representando 27,98% das respostas. Em seguida, destacam-se as razões de ser muito jovem ou idoso (23,12%) e problemas de saúde ou gravidez (18,41%).
A gerente de Educação Profissional e Superior do Senai MT, Jocely Nogueira explica que iniciativas como a parceria da Energisa com o Senai MT, na qualificação profissional de uma turma exclusiva de mulheres no curso de eletricista de distribuição de energia, ilustram essa transformação e também os desafios, como a atração de mulheres para áreas tecnologicamente avançadas que ainda são ocupadas majoritariamente por homens.
“O foco não é substituir profissionais, mas garantir que mulheres estejam qualificadas para contribuir com competência, promovendo a diversidade e inovação nos ambientes de trabalho. Assim, o Senai não só capacita, mas atua no combate a disparidades sociais, demonstrando que a equidade de gênero no trabalho é uma meta tanto possível quanto necessária”, contou a gerente.
“As nossas eletricistas estão sendo capacitadas para a execução de todas as atividades da profissão. A experiência que temos das profissionais que já atuam como eletricistas é ótima. Elas entregam excelentes resultados, principalmente pela sensibilidade aguçada no atendimento aos nossos clientes e a disciplina com que cuidam da segurança e qualidade na execução das atividades. Apostamos nas eletricistas e vamos ampliar ainda mais essas oportunidades”, explicou o diretor técnico da Energisa, Fabricio Medeiros.
Fonte: Olhar Direto
