Começa a valer nesta segunda-feira, 1º, a determinação do Conselho Monetário Nacional (CMN) para que bancos e instituições financeiras não cobrem juros superiores a 100% ao ano no empréstimo rotativo do cartão de crédito. A decisão do CMN é de 21 de dezembro.
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Com isso, ao final de um ano, o valor de uma fatura do cartão não paga não poderá passar do dobro do valor originalmente devido. Até então as taxas de juros do rotativo passavam de 400% e chegam a 900% em alguns casos.
Entidades bancárias e financeiras afirmam que a medida pode parecer boa, à primeira vista, mas não resolverá o problema dos juros altos e pode significar menos crédito disponível.
Redução dos juros do rotativo do cartão de crédito é ‘intervenção completamente equivocada’
O diretor do Instituto Mises Brasil, Rodrigo Saraiva, acredita que se trata de “uma intervenção completamente equivocada na economia”. “Os juros já vêm baixando com uma razão muito clara: há mais oferta bancária do que havia no passado. Isso tem baixado os juros naturalmente, mas óbvio, como sempre, queremos uma solução mágica para resolver um problema histórico”, declarou ao portal R7.
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Para ele, o consumidor pode se beneficiar em um primeiro momento, mas, por ser uma medida de “controle de preços”, a canetada do CMN “pode restringir a oferta de cartão de crédito no médio-prazo”.
Bancos avaliam decisão do CMN como paliativa
“A Febraban reforça sua posição de que as causas dos elevados juros do rotativo não foram estruturalmente solucionadas, o que impacta diretamente os consumidores que precisam dessa linha de crédito”, disse a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Em um comunicado, o banco de investimentos Goldman Sachs afirmou que o teto de juros do rotativo não representa uma grande mudança estrutural para o setor. O motivo é que a maioria das dívidas no rotativo do cartão de crédito fica em atraso por apenas por cerca de um mês.
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O Morgan Stanley afirmou que o teto imposto pelo CMN traz um alívio no curto prazo, mas não uma “solução sustentável e razoável” para as altas taxas do rotativo. “Podemos imaginar um cenário em que os defensores do limite acabem frustrados, porque as taxas de juro não mudaram em nada”, escreveram os analistas do banco, em relatório.
O Citi afirmou que não haverá impacto imediato para os bancos, mas para as varejistas que oferecem cartões de crédito. “Naturalmente essas empresas terão maiores restrições nas suas ferramentas de crédito, especialmente no crédito rotativo que cobra taxas de juros mensais superiores a 15% (média)”.
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Um levantamento do portal InfoMoney mostra que, entre os cartões de créditos mais comuns oferecidos pelas varejistas, a taxa de juros mensal vai de 16,4% a quase 800% ao ano. Na lista, estão Magazine Luiza, Carrefour, Mercado Livre, Lojas Renner, entre outros.
Fonte: revistaoeste