O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) questionou nesta quarta-feira, 26, a necessidade de cortes de gastos para equilibrar as finanças do governo. Segundo ele, é necessário avaliar se o problema pode ser resolvido apenas com o aumento da arrecadação.
“O problema não é que tem que cortar; problema é saber se precisa efetivamente cortar ou se precisa aumentar a arrecadação”, avaliou o presidente, em entrevista ao UOL.
Lula acrescentou que sua gestão está examinando se há “gasto exagerado”, mas que isso é feito “sem levar em conta nervosismos do mercado”.
Pressão do mercado
A pressão para que o governo corte gastos aumentou nas últimas semanas devido à crescente desconfiança dos investidores sobre o compromisso de Lula com o equilíbrio das contas públicas.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou que os esforços do governo em relação às contas públicas visam a evitar cortes que prejudiquem os trabalhadores e os mais pobres — um discurso também adotado por Lula.
Depois de um encontro, em 7 de junho, com representantes de instituições financeiras, surgiu a preocupação de que as regras do arcabouço fiscal possam ser alteradas para acomodar o aumento das despesas obrigatórias.
Um fator aumentou essa preocupação: a rejeição da medida provisória pelo Congresso que restringia o uso de créditos do PIS/Cofins para financiar a desoneração da folha de pagamento de empresas de 17 setores e municípios.
A percepção é que a agenda de ajuste fiscal de Haddad pelo lado da arrecadação está esgotada.
Críticas à taxa de juros
O presidente também criticou a taxa básica de juros, atualmente em 10,5%. Ele afirmou que ela não é compatível com um cenário de inflação estável.
Lula disse ainda que não deveria ser o presidente da República o responsável por criticar a taxa de juros e pediu ao setor produtivo que realize “passeatas” contra as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom).
“É preciso que os empresários do setor produtivo, a CNI, a Fiesp, ao invés de reclamar do governo, eles deviam fazer passeata contra a taxa de juros, porque são eles que estão tendo dificuldades, não é o governo”, disse o presidente.
Fonte: revistaoeste