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Economia

Juros e dólar impactam investimentos das empresas; saiba mais!

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As empresas brasileiras estão se ajustando à inesperada mudança no cenário macroeconômico, com a taxa básica de juros que podem atingir 15% ao ano e o dólar que chega a R$ 6, conforme projeções do mercado.

Nos últimos meses, grandes companhias anunciaram cortes de investimentos, redução de endividamento (desalavancagem) e a venda de ativos. A reportagem é do O Estado de S. Paulo.

Essa mudança nos planos reflete principalmente a reversão das expectativas para os juros em 2024, acompanhada de um agravamento do cenário no Brasil e no exterior.

No início do ano, o mercado previa uma Selic de 9% ao final de 2024. Contudo, a recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa básica para 12,25%, com sinalização de mais dois aumentos de 1 ponto porcentual cada um.

“Não vamos fazer investimento novo”, afirmou o empresário Rubens Ometto, presidente do conselho de administração da Cosan, um dos maiores conglomerados brasileiros. “Com juro de 12% a 13% nada dá para ter retorno”, acrescentou. A declaração foi dada ao Estadão no final de outubro, quando o mercado começava a questionar a capacidade do governo de conduzir um ajuste fiscal mais amplo.

Para se preparar para o próximo ano e reduzir sua alavancagem, a Cosan considera desinvestimentos na Raízen, sua unidade de energia renovável, além da venda de participação na Compass, que atua em gás e energia, e na Moove, de lubrificantes.

A , por sua vez, anunciou uma redução de R$ 1 bilhão em investimentos previstos para o período de 2025 a 2028.

Durante um evento com investidores, o CEO Benjamin Steinbruch afirmou que, apesar de acreditar no potencial da empresa, operar com juros de 12%, 13% ou até 15% é inviável.

Empresas do setor de shoppings também estão sentindo os impactos. O Grupo Sá Cavalcante, dono de seis empreendimentos no Brasil, adiou o lançamento de um projeto previsto para este ano devido ao aumento no custo do capital.

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“Era para lançarmos em 2024, mas ao longo do ano teve uma piora significativa para o funding (capitalização) devido aos juros”, contou o diretor de Operações, Marcelo Rennó. “Isso impacta muito o mercado produtivo. Estamos batalhando bastante para fazer acontecer. Se tiver alguma melhora no cenário de juros futuro, talvez a gente consiga lançar em 2025 ou 2026 — este último agora parece mais provável.”

“A inversão de expectativas gera preocupação de forma geral para entes econômicos, investidores e grandes empresas”, diz o diretor-executivo da área de Financial Advisory & Special Situations da Alvarez & Marsal, João Pedro Viola.

Com juros e câmbio, empresas vão revisar estratégias

Viola prevê que, diante do aumento do custo do dinheiro, as empresas vão revisitar estratégias, deixando de lado projetos com retornos prejudicados pelos juros elevados. Ele também destaca a possibilidade de retenção de lucros e dividendos, além de mais vendas de ativos.

O especialista considera que algumas empresas listadas podem buscar recursos na bolsa por meio de ofertas subsequentes (follow-on), ainda que essa não seja a melhor alternativa no momento, devido à subvalorização das ações.

“A capitalização talvez seja a única alternativa para as empresas evitarem uma reestruturação de seus passivos financeiros”, afirma.

O professor coordenador do Cefeb Fipe, Carlos Antonio Rocca, acredita que o aumento do custo de financiamento e das despesas financeiras vai afetar o fluxo de caixa das empresas.

Contudo, ele ressalta que as companhias com receitas atreladas ao dólar poderão minimizar os efeitos da desvalorização do real, assim como grandes negócios que têm maior acesso ao mercado de capitais.

“As empresas maiores, que tiveram pleno acesso ao mercado de capitais ao longo dos últimos anos, estão mais preparadas para enfrentar essa inversão de cenário”, diz.

Rocca afirma que, no agregado, os balanços do terceiro trimestre das companhias abertas, de modo geral, mostraram resultados melhores do que os períodos anteriores, sinalizando potencial resiliência as adversidades macroeconômicas previstas.

Fonte: revistaoeste

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