O Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira, 30, enquanto o dólar subiu ante o real após as frases do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a meta de déficit zero em 2024.
O Ibovespa fechou em queda de 0,68%, chegando a 112.532 pontos, e voltou ao mesmo patamar de maio 2023.
O dólar, por sua vez, fechou em alta de 0,69%, batendo R$ 5,0474, o maior nível dos últimos sete meses.
O pregão mostrou as preocupações dos investidores com o cenário fiscal para 2024. Isso porque um desequilíbrio das contas públicas pode comprometer o ciclo de cortes nos juros iniciado pelo Banco Central.
As piores ações do dia foram a Petz, que fechou em -4,86%, a Braskem, que terminou o pregão em -5,47%, e o Magazine Luiza, que acabou o dia em -6,16%.
As ações do setor bancário e do setor de varejo também caíram, assim como os papéis da Petrobras, que acompanharam a cotação do petróleo em queda.
Haddad mostra nervosismo em coletiva com jornalistas
O pessimismo no mercado se instalou após a coletiva de imprensa de Haddad. O Ibovespa, que estava operando em território positivo, acabou passando para o negativo no exato momento da coletiva.
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O ministro da Fazenda demonstrou uma forte irritação e nervosismo ao falar com a imprensa, após ser questionado sobre a meta de déficit fiscal para 2024.
Haddad não quis responder se ela será alcançada ou não no próximo ano.
Durante a coletiva, Haddad chamou os jornalistas de “queridos” e “queridas” de forma debochada.
Ele também mandou uma jornalista “fazer o seu trabalho” quando questionado sobre uma empresa específica.
Na última pergunta, Haddad se recusou a respondê-la, levantando-se e saindo da sala.
Haddad diz que Lula não está sabotando o país
O ministro foi questionado sobre as recentes declarações do presidente Lula sobre o déficit fiscal para 2024.
O ministro da Fazenda se limitou a declarar que o presidente Lula “não está sabotando o país”.
Na última sexta-feira, 27, Lula declarou que o governo não vai conseguir manter o déficit zero para 2024.
Na ocasião, Lula afirmou que “o mercado é muito ganancioso” e que “dificilmente a meta será cumprida”; referindo-se à meta de fechar o ano de 2024 com zero déficit nas contas públicas brasileiras.
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Ainda na coletiva desta tarde, contra o ânimo dos investidores, Haddad evitou responder questões feitas por entrevistadores sobre a meta do governo para o ano seguinte, e afirmou:
“Meu papel é buscar o equilíbrio fiscal, porque acredito que o Brasil precisa voltar a olhar para as contas públicas. Eu vou buscar equilíbrio fiscal de todas as formas justas e necessárias. A minha meta está mantida”.
Mercado aumenta previsão dos juros e inflação para 2024 e 2025
O Boletim Focus desta segunda também mostrou uma maior preocupação do mercado com a situação fiscal do Brasil nos próximos anos.
Os dados da pesquisa realizada semanalmente pelo Banco Central (BC) mostram que o mercado aumentou a previsão das taxas de juros de 2024 para 9,25% ao ano.
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O mercado aumentou suas previsões para 2025 de 0,25 p.p. em relação aos últimos relatórios. Com isso, a expectativa para a do ano passou de 8,5% para 8,75% ao ano.
Além disso, o relatório mostrou que as expectativas para a inflação de 2024 aumentaram, de 3,87% para 3,90%.
Fonte: revistaoeste