O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na sexta-feira 20 que está preocupado com o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) neste terceiro trimestre.
Ele afirmou ainda que os diretores do Banco Central (BC) que haviam defendido o corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, em agosto, estavam corretos. Isso porque a desaceleração econômica já estava se dando “de maneira importante”.
“As pessoas que à época criticaram o BC pelo corte de meio [ponto percentual] hoje têm que rever sua posição porque, de fato, o meio [ponto] ali era o último momento que nós tínhamos para começar o ciclo de cortes”, declarou Haddad a jornalistas.
“Já naquela época eu dizia que nós estamos com uma desaceleração forte.” O ministro também disse que, desde a divulgação do resultado do PIB do primeiro trimestre, ele vinha alertando sobre o fraco desempenho da economia na margem.
No mesmo dia, o BC soltou o IBC-BR do trimestre passado, que mostrou queda de 0,77% em agosto, muito mais do que se esperava. O índice é considerado uma prévia do PIB pelos especialistas do mercado financeiro.
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Reforma Tributária
Ao ser questionado sobre o andamento da reforma tributária no Senado, Haddad mencionou que ainda aguarda o recebimento do documento do relator responsável no Senado, o senador Eduardo Braga (MDB-AM).
Além disso, ele expressou o interesse em conduzir avaliações de impacto para todas as exceções apresentadas.
O ministro destacou a importância de os membros do Legislativo estarem cientes das consequências das suas decisões. Ele ressaltou que, quanto mais claras forem as exceções, maior será a confiança nos benefícios delas e na possibilidade de a reforma ser ratificada pelo Congresso até o final deste ano.
“Se o governo em seu primeiro ano conseguir entregar a reforma, será realmente um feito muito grande do Brasil, pela conjugação de esforços no sentido da modernização da economia brasileira.”
Adicionalmente, Haddad sublinhou a urgência na ratificação de propostas que visam a incrementar a receita federal. Ele citou, por exemplo, a proposta legislativa que almeja a tributação das off-shores e de fundos exclusivos, com o objetivo de alcançar a meta de equilibrar o déficit fiscal primário no final do próximo ano.
“Para fechar o orçamento de 2024, eu preciso da aprovação daquelas medidas. Então, nós estamos dialogando e esclarecendo quão importante são essas medidas e quão justas são. Elas tem um caráter de justiça tributária.”
Nova Resolução da CVM sobre ecologia
Em uma recente coletiva de imprensa sobre a nova resolução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a respeito do Plano de Inovação Ecológica, Haddad mencionou a importância de definir “um caminho ideal” para manter um equilíbrio entre atividades econômicas e inflação.
O ministro expressou otimismo quanto à aproximação da inflação à meta estabelecida no longo prazo. No entanto, ressaltou que a busca por um equilíbrio de preços não deve ser apressada, de modo a evitar impactos negativos na “economia prática”.
“Temos que ter cautela e tomar as melhores decisões para conciliar esses fatores em busca de bons resultados de crescimento e de inflação”, afirmou Haddad.
A decisão do Comitê de Política Monetária (COPOM) em agosto, que ajustou a Selic para 13,25% ao ano, gerou debates entre os diretores, sendo aprovada com uma margem estreita de cinco votos a favor e quatro contra.
Os diretores contrários ao corte de 0,5 ponto percentual defendiam uma redução mais modesta, de 0,25 p.p. Já na conferência de política monetária de setembro, o Banco Central aplicou outra redução de 0,5 p.p. e sinalizou a intenção de seguir com essa abordagem nas próximas reuniões do ano.
Fonte: revistaoeste