O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na noite de quarta-feira 22 que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros é “muito preocupante”. Por unanimidade e pela quinta vez consecutiva, o Copom decidiu pela manutenção da Selic em 13,75%.
Sem ceder à pressão e aos ataques do presidente Lula e de seus aliados, que estão fazendo uma campanha para pedir a queda dos juros e o fim da autonomia do Banco Central, o comitê publicou um comunicado explicando as razões da decisão, como a piora do cenário internacional, com a crise dos bancos, e interno, e a pressão inflacionária persistente.
Para Haddad, o comunicado do Copom “abre perspectivas que não são as desejadas” e que “chega a sinalizar até a possibilidade de uma subida da taxa de juros que já é hoje a mais alta do mundo.” Segundo ele, o “resultado fiscal poderá ser comprometido por conta dos juros altos”. “Daqui a pouco veremos problemas das empresas para recolher impostos. Nossa preocupação é essa.”
Além da piora no cenário externo que “se deteriorou” desde a última reunião do Copom, segundo o comunicado, no cenário interno “o conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econômica segue corroborando o cenário de desaceleração esperado pelo Copom”.
“A inflação ao consumidor, assim como suas diversas medidas de inflação subjacente, segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação. O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual”, afirmou o comitê, no comunicado. O Copom também informou que “não hesitará” em retomar o ciclo de alta caso a manutenção da taxa não consiga controlar a escalada de preços.
A inflação de fevereiro (0,84% ante 0,53% em janeiro) foi mais forte do que o esperado e ainda segue longe da meta, de 3,25% com margem de tolerância de 1 ponto porcentual. Os analistas de mercado seguem elevando as projeções de que ela pode subir ainda mais.
“Nossa inflação está muito mais controlada do que a do mundo desenvolvido e a taxa de juros continua negativa. Enquanto a nossa taxa de juros é a maior do mundo. Dependendo de como faz a conta, está de 6,5% a 8% acima da inflação”, declarou Haddad.
A última vez que o Banco Central mexeu na taxa de juros Selic foi na reunião de 3 de agosto, quando aumentou de 13,25% para os atuais 13,75%.
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Fonte: revistaoeste