O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu mais uma vez uma mudança na meta da inflação brasileira e afirmou que não há sentido no critério atual. A declaração do petista ocorreu em entrevista ao programa Caminhos, da CNN Brasil.
Haddad acenou para a possibilidade de que a meta deixe de ser anual e passe a ser contínua, sendo atingida ao longo do tempo. “Brasil e Turquia são os únicos dois países que adotam regime de meta com uma especificidade que, na minha opinião, não faz o menor sentido, que é o tal ano-calendário.”
O petista citou como exemplo os modelos norte-americano e europeu, ao ressaltar que, mesmo com a inflação a 8,5%, o Banco Central Europeu (BCE) ajusta os juros para que o objetivo de baixar a alta dos preços para 2% seja alcançado. O modelo conta com uma série de variáveis para a sua execução.
“O que todo mundo que adotou a meta de inflação fez?”, interpelou Haddad. “Você analisa a economia do país, crava um objetivo e não fixa o ano-calendário. Alguns chamam de meta contínua, ou seja, se é 3 por cento, persegue os 3 por cento.”
Meta de inflação
A meta de inflação é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que orienta o Banco Central (BC) na hora de definir a taxa básica de juros da economia, a Selic. A meta para este ano é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto porcentual. O piso é 1,75%, e o teto é 4,75%.
Questionado sobre as críticas do governo à política de juros do BC, Haddad disse acreditar que a discussão deve ser mais técnica do que política. Em seu entendimento, a discussão sobre a atual taxa básica de juros — alocada em 13,75% ao ano — não é se vai ser reduzida, mas de quanto deve ser.
Fonte: revistaoeste