A facilidade em comprar produtos diretamente com vendedores internacionais por meio da internet, principalmente da China, mudou o perfil dos consumidores na fronteira do Brasil com o Paraguai. Além disso, reduziu o fluxo de clientes comuns na região, de acordo com o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco).
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Apuração do jornal Folha de S.Paulo revelou que os “sacoleiros” que viajavam em centenas de ônibus rumo a Foz do Iguaçu (PR) e Ciudad del Este, cidade paraguaia que faz fronteira com o Brasil, deram lugar para turistas que gastam aproximadamente US$ 500 (cerca de R$ 2.500) — cota máxima permitida.
Além disso, o fluxo também mudou o perfil para os contrabandistas profissionais, integrantes de quadrilhas internacionais que atuam na região da fronteira com o Paraguai. O comércio ilegal em larga escala ainda possui preços atrativos, principalmente em Ciudad del Este, Salto del Guairá (Paraguai) e Guaíra (PR).
Internet reduziu a vantagem de ir ao Paraguai
A facilidade de compra de produtos baratos pela internet, diretamente com o vendedor internacional, possibilitou ao consumidor encomendar os produtos sem ter que ir buscá-los. Diminuiu-se, portanto, o gasto de tempo e os riscos de ir até o Paraguai.
Além disso, o dólar próximo aos R$ 5 e o aperto na fiscalização adotado por órgãos de repressão brasileiros têm afastado os compradores convencionais e consolidado a modificação do perfil do consumidor na fronteira.
Dados da Receita Federal demonstram essa mudança. Em Foz do Iguaçu, foram apreendidos 147 ônibus de janeiro a outubro deste ano. Há dez anos, esse número era mais que o triplo.
“O sacoleiro comum, que nós identificávamos lá atrás, já não têm a mesma expressão”, disse Edson Vismona, presidente da Etco à Folha. “Não precisa ir para o Paraguai, você pega os produtos aqui na [Rua] 25 de Março, direto da China ou pela internet.”
Contrabando de cigarro
O contrabando de cigarro tem sido o principal alvo das operações na fronteira. Neste ano, foi apreendido um total de R$ 176 milhões, enquanto em 2022 o valor chegou aos R$ 174,2 milhões.
As operações de combate ao contrabando têm sido realizadas por meio de trabalho conjunto entre a Polícia Federal, Receita Federal, Polícia Rodoviária Federal e com o apoio das forças de segurança estadual e municipal.
Depois de apreendidos, os cigarros são levados à sede da Receita, onde há uma máquina com capacidade de destruir 1,2 mil caixas de cigarros por dia, o equivalente a uma carreta.
Além disso, foram apreendidos R$ 107 milhões em eletroeletrônicos, R$ 60 milhões em veículos, R$ 16,8 milhões em produtos de informática e R$ 6,5 milhões em bebidas alcoólicas.
Fonte: revistaoeste