O governo Lula vai continuar insistindo no plano para baratear carro por meio de incentivos fiscais. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou na quarta-feira 28, que a extensão do programa “popular” custará R$ 300 milhões. Os recursos virão da antecipação de R$ 0,03 da reoneração do diesel que começará em outubro.
“Ia ser um programa de R$ 1,5 bilhão e agora vai ser um programa de R$ 1,8 bilhão”, disse Haddad.
Dos R$ 300 milhões extras, R$ 100 milhões estavam previstos na medida provisória original, que concedia uma folga de recursos, mas os outros R$ 200 milhões exigirão uma nova medida provisória que mude a reoneração do diesel, informou a Agência Brasil.
De acordo com Haddad, a expansão do programa foi necessária para atender à alta demanda por pessoas físicas.
“Acumulou uma fila e foi trazida à consideração do presidente Lula. O presidente Lula resolveu atender a fila que se formou até ontem. Então nós vamos estender um pouquinho para atender essa fila”, informou.
Ainda ontem, o Ministério da Fazenda tinha confirmado que o programa de compra de carros com desconto seria prorrogado, com a ampliação para empresas adquirirem veículos com preços mais baixos.
Plano é um ‘fiasco’
O plano do governo Lula de aumentar os incentivos fiscais às montadoras de veículos parece que não surtiu o efeito desejado. Mesmo com o despejo de cerca de R$ 500 milhões em benefícios para automóveis e comerciais leves, o resultado está aquém do esperado pelas fábricas. A Volkswagen está sendo afetada pela situação crítica do setor de automóveis.
O programa do governo para baratear carros e impulsionar as vendas tem passado longe da real necessidade do setor. Até o momento, do valor total liberado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, cerca de R$ 420 milhões já foram utilizados. Os descontos patrocinados pelos cofres públicos vão de R$ 2 mil a R$ 8 mil, mas muitas empresas têm aplicado margens maiores por conta própria.
O economista Alan Ghani explicou que o setor reflete a situação da economia brasileira. “Houve queda na demanda, que está ligada à indústria, que tem tido maior dificuldade na recuperação econômica, em parte pelo alto nível da taxa de juros, pelo ambiente inflacionário e pelos problemas estruturais da indústria, como impostos elevados e burocracia”, disse em entrevista ao Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan, na quarta-feira 28.
De acordo com dados do Registro Nacional de Veículos Automotores, a média de junho até o último dia 19 é de 6,2 mil unidades vendidas por dia. O número, que inclui veículos leves e pesados, indica uma diminuição de 20%, na comparação com o mesmo período de maio.
Não à toa, a Volkswagen anunciou na terça-feira 27 a suspensão da produção de veículos nas fábricas em todo o Brasil. A montadora alegou a “estagnação do mercado” como motivo para a paralisação. Ao governo, a fábrica solicitou R$ 60 milhões de incentivos para baratear a produção até agora.
Volkswagen conta com três fábricas no país
Atualmente, a montadora conta com três fábricas no Brasil. Uma fica no Paraná, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. As outras duas estão no Estado de São Paulo: uma em Taubaté, no interior, e, por fim, outra em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
Segundo a Volkswagen, a produção de carros no cenário nacional já estava em ritmo lento. Em São José dos Pinhais, por exemplo, um turno de trabalho já tinha sido interrompido desde o início do mês — o que pode durar de dois a cinco meses. Na mesma fábrica, o outro turno vai ficar suspenso até sexta-feira 30.
Na unidade de Taubaté, a suspensão da produção da Volkswagen se dará, inicialmente, no decorrer desta semana. Para a fábrica de São Bernardo do Campo, a direção da empresa protocolou, segundo o site do jornal Folha de S.Paulo, férias coletivas para os dois turnos a partir de 10 de julho.
Fonte: revistaoeste