A inadimplência alcançou um recorde de 7 milhões de empresas no Brasil em 2024, quase um terço das companhias do país, segundo dados da Serasa Experian. Com a alta do dólar e dos juros, a expectativa é de que 2025 seja ainda mais desafiador para o setor empresarial. A é do jornal O Estado de S.Paulo.
Em outubro, cerca de 100 mil empresas se tornaram inadimplentes depois do último ajuste na Selic, o que rompeu uma estabilidade que já durava cinco meses.
“A taxa de juros é uma variável muito importante para a inadimplência das empresas, assim como a inflação é importante para a inadimplência do consumidor”, explicou ao Estadão o economista-chefe da Serasa, Luiz Rabi.
“Nesse cenário de inflação e juros subindo, as duas inadimplências vão ficar pressionadas”, acrescentou. “Então, nos próximos dois trimestres, não esperamos nenhum tipo de arrefecimento nessa tendência.”
Além disso, a escalada de 27,6% do dólar neste ano afeta as grandes empresas com dívida em moeda estrangeira.
Economista diz que alta do dólar vai impactar resultado de empresas
Um levantamento feito pela , com 101 empresas de capital aberto com endividamento em dólar, revela que quase 40% da dívida total estava em moeda estrangeira até setembro deste ano. Isso significa R$ 353 bilhões. Desse total, R$ 68,9 bilhões são de curto prazo e R$ 284 bilhões, de longo prazo.
“Porém, no quarto trimestre, o dólar subiu para mais de R$ 6″, afirma Einar Rivero, responsável pelo levantamento. “Assim, mantido o mesmo estoque, estima-se que a dívida total em moeda estrangeira dessas 102 empresas tenha passado de R$ 353 bilhões para R$ 392 bilhões.”
Segundo ele, a valorização do dólar no último trimestre vai impactar significativamente o resultado das empresas.
“A despesa extra gerada pela variação cambial tem o potencial de corroer uma parte importante dos lucros, o que, na ausência de alguma estratégia de cobertura cambial, pode afetar negativamente não apenas o balanço das companhias, mas também sua capacidade de investimento e expansão”, diz.
O cenário macroeconômico, segundo Rabi, só deve melhorar com medidas eficazes de corte de gastos pelo governo e a recuperação da confiança do mercado.
O último relatório Focus do Banco Central prevê que a Selic, atualmente em 12,25%, deve chegara a 14,75% ao ano em 2025, enquanto a inflação deve superar a meta de 4,5%, atingindo 4,9%.
Economistas destacam que a alta da taxa básica de juros surpreendeu as empresas, que no início do ano esperavam encerrar o ano com a Selic em 9% e o dólar a R$ 4,85, bem diferente do cenário atual.
Fonte: revistaoeste