Um dia depois de realizar demissões em massa, a empresa 123milhas entrou com pedido de recuperação judicial. Também entraram com a solicitação a A HotMilhas, companhia do mesmo grupo, e a Novum, que é sócia da 123milhas. Os processos foram apresentados na 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte.
No pedido de recuperação feito à Justiça, a defesa das empresas alega que elas estão enfrentando a pior crise financeira desde suas respectivas fundações, segundo informou o site g1 de Belo Horizonte.
No documento, a alegação é que desde sua criação, em 2016, a 123milhas usa pontos e milhas para emitir passagens mais baratas. No entanto, nos últimos anos, as vantagens que permitiam a emissão de bilhetes aéreos mais baratos, principalmente aquisições com milhas, vêm diminuindo gradativamente.
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“A 123milhas se viu impossibilitada de emitir as passagens aéreas, pacotes de viagem e os seguros adquiridos pelos clientes do Programa Promo123”, diz um trecho do documento. “Especialmente nos prazos contratados, motivo pelo qual entendeu por bem retirar o Programa Promo123 do ar e buscar, por meio do presente pedido de Recuperação Judicial, cumprir tais obrigações de forma organizada.”
A empresa ainda explica que a suspensão do programa promocional afetou “sobremaneira a credibilidade das requerentes perante o mercado, que viram suas vendas diminuírem drasticamente, assim como incrementaram o seu passivo, dado o vencimento antecipado de contratos com outros fornecedores”.
A defesa diz que a 123milhas é a principal cliente da HotMilhas, responsável por 90% de suas operações. Por isso, a crise de uma empresa afetou a outra.
123milhas faz pedido judicial depois de demitir mais de 100
Mais de 100 pessoas teriam sido demitidas na manhã de segunda-feira 28. Trabalhadores relataram dispensas em três setores da empresa: recompra, promoção e emissão.
Uma equipe da Rádio Itatiaia foi até a sede da empresa e presenciou dezenas de funcionários deixando o prédio. “A gente veio trabalhar e recebemos a comunicação de que fomos demitidos”, afirmou o agora ex-funcionário Rafael Bezerra, de 30 anos. “Era uma empresa grande. A gente não sabe se todo mundo foi demitido mas, pelo menos nos setores que temos contato, foi todo mundo.”
No mesmo dia, a 123milhas confirmou que a Hotmilhas — controlada pela mesma agência de viagens — interrompeu os serviços.
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Investigada pelo governo, empresa pode receber multa milionária
O governo federal, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão do Ministério da Justiça, está avaliando a abertura de um processo administrativo e até mesmo a aplicação de multa contra a 123milhas caso a empresa não devolva o dinheiro de consumidores afetados pela suspensão de pacotes de viagens já pagos. Se confirmada, a multa pode chegar a R$ 13 milhões.
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Caso a empresa 123milhas mantenha a posição de ressarcir os clientes com voucher para uso de outros serviços, em vez da devolução dos valores em dinheiro, a alternativa para os consumidores será a abertura de um processo judicial — que é a esfera com capacidade de obrigar a companhia a fazer o ressarcimento.
Fonte: revistaoeste