Não é de hoje que ouvimos falar que o leite fermentado tem lactobacilos vivos importantes para a saúde do intestino.
Mas, afinal, o que são e para que servem esses micro-organismos presentes nas bebidas que geralmente são vendidas em frasco bem pequenos? Eles trazem mesmo benefícios e são probióticos? A resposta para a última perguntas é sim. Mas, para entender melhor, temos de primeiro relembrar o que ocorre em nosso intestino.
No órgão vivem trilhões de bactérias, fungos e outros seres microscópicos, que formam a microbiota intestinal. Ela ajuda a regular o funcionamento do intestino e interfere em importantes funções do organismo (absorção de nutrientes, imunidade, humor e bem-estar).
Na microbiota não há só bactérias boas. Há também seres ruins, que em excesso podem prejudicar nossa saúde. Por isso, é muito importante haver um equilíbrio entre os micro-organismos benéficos e maléficos.
É aí que entram os lactobacilos. Eles são bactérias ácido-láticas que pertencem à família Lactobacillaceae. Esses micro-organismos compõem a microbiota intestinal e são nossos aliados, contribuindo para o bom funcionamento do órgão e saúde.
Lactobacilos produzem ácido lático e ácidos graxos de cadeia curta, importantes fontes de energia para células intestinais e para outras bactérias benéficas que habitam o intestino. A produção de ácidos graxos e lático também ajuda no controle de micro-organismos ruins, causadores de doenças” Karina Maria Olbrich dos Santos, engenheira de alimentos e pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos
Além de atuarem como um “regulador” de bactérias no intestino, mantendo o equilíbrio da microbiota, os lactobacilos trazem uma séria de outros benefícios:
- Auxiliam na digestão;
- Ajudam a prevenir distúrbios gastrointestinais, como diarreia, constipação e síndrome do intestino irritável;
- Diminuem o risco de infecções gastrointestinais;
- Melhoram a absorção de vitaminas e minerais;
- Contribuem para o fortalecimento do sistema imunológico;
- Reduzem a absorção de gordura no intestino;
- Ajudam no aumento da saciedade;
- Auxiliam no controle do colesterol e da pressão arterial;
- Contribuem para o alívio do estresse e da ansiedade.
Exatamente por trazer benefícios ao corpo humano, uma parte dos lactobacilos é classificada como probióticos —que, por definição, são micro-organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, colaboram com a saúde do hospedeiro.
Onde encontrar os lactobacilos?
Como falamos, o leite fermentado é fonte de lactobacilos vivos. Mas essas bactérias boas para nossa saúde também estão em outras alimentos derivados do leite, como iogurte, kefir e alguns tipos de queijos.
Kombucha, picles e outros alimentos fermentados também contêm probióticos, além de alguns suplementos (em cápsulas, pó e líquidos) —no entanto, os especialistas dizem que o ideal é ingerir os lactobacilos presentes em “comida de verdade”.
“Componentes dos alimentos protegem as bactérias durante a digestão, contribuindo para que cheguem vivas em maior quantidade no intestino. É importante que os lactobacilos estejam vivos para agir beneficamente”, explica Santos.
Quanto consumir
Para ter o efeito probiótico desejado, o consumo de lactobacilos deve ser diário.
A dose mínima costuma ser de 8 a 20 bilhões de UFC (unidades formadoras de colônias) por dia —e a quantidade varia bastantes de pessoa para pessoa.
“Para alguns, uma dose mais baixa pode funcionar tão bem ou até melhor do que uma dose mais alta. Enquanto para outras pessoas uma dose alta (50 bilhões de UFC, por exemplo) é necessária para se ter o efeito desejado”, explica Marion Pereira da Costa, coordenadora do Laboratório de Inspeção e Tecnologia de Leite e Derivados da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFBA (Universidade Federal da Bahia).
CUIDADO COM O EXCESSO
Exagerar na ingestão de probióticos pode provocar efeitos colaterais, como:
- dor de estômago
- diarreia
- inchaço abdominal
- gases
Para evitar excessos, o ideal é consumir inicialmente uma porção pequena do alimento probiótico e sentir o efeito no organismo, para depois aumentar a dose.
No caso dos leites fermentados, muitos produtos já vem na porção adequada para o consumo diário —ou seja, apesar do frasco pequeno, ele tem o tamanho certo para oferecer uma quantidade de probióticos suficiente para trazer benefícios ao organismo, sem causar efeitos indesejados devido a uma ingestão excessiva.
Por mais que o consumo de leite fermentado e outros probióticos seja seguro, pessoas com algumas condições precisam ficar atentas:
- Diabetes e obesidade Muitos leites fermantados têm açúcar. O ingrediente não é proíbido para quem tem diabetes ou precisa perder peso, mas é importante seguir as orienteções e as quantidades de consumo indicadas por seu médico e/ou nutricionista.
- Intolerância à lactose Para evitar desconfortos, quem tem problemas ao consumir o açúcar presente naturalmente no leite deve procurar versões “zero lactose” do leite fermentado.
“Caso tenha estas ou outras condições médicas, consulte um especialista”, alerta Svetoslav Todorov, professor de microbiologia da USP (Universidade de São Paulo). O mesmo vale para o uso de suplementos.
“O médico precisa recomendar com base em cada paciente, já que um probiótico que pode funcionar para determinado organismo pode não funcionar para outro. Nos suplementos, a carga de probióticos é alta e concentrada, então é preciso acompanhamento”, completa Todorov.
Para quem não é indicado
De acordo com Dan Waitzberg, professor do Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e diretor do Grupo Ganep – Nutrição Humana, apesar da longa lista de benefícios que os probióticos trazem à saúde, o consumo sem orientação médica não é indicado para alguns grupos específicos, como:
Pessoas com imunodepressão, ou seja, que estejam com o sistema imunológico comprometido, como pacientes em tratamento de câncer ou transplantados;
Pessoas com intolerância à lactobacilos —nesses casos, pode ocorrer diarreia e náusea;
Pacientes com deficiência de ferro, zinco e cálcio —o consumo excessivo de lactobacilos pode piorar a deficiência desses minerais.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recomenda ainda que gestantes, mulheres que estão amamentando e crianças não consumam probióticos sem orientação médica.
Além disso, é importante lembrar que nem todos os suplementos ou alimentos que contêm lactobacilos são iguais. A eficácia e a segurança dos produtos podem variar, e alguns podem conter outras substâncias e causar efeitos colaterais.
Não é de hoje que ouvimos falar que o leite fermentado tem lactobacilos vivos importantes para a saúde do intestino.
Mas, afinal, o que são e para que servem esses micro-organismos presentes nas bebidas que geralmente são vendidas em frasco bem pequenos? Eles trazem mesmo benefícios e são probióticos? A resposta para a última perguntas é sim. Mas, para entender melhor, temos de primeiro relembrar o que ocorre em nosso intestino.
No órgão vivem trilhões de bactérias, fungos e outros seres microscópicos, que formam a microbiota intestinal. Ela ajuda a regular o funcionamento do intestino e interfere em importantes funções do organismo (absorção de nutrientes, imunidade, humor e bem-estar).
Na microbiota não há só bactérias boas. Há também seres ruins, que em excesso podem prejudicar nossa saúde. Por isso, é muito importante haver um equilíbrio entre os micro-organismos benéficos e maléficos.
É aí que entram os lactobacilos. Eles são bactérias ácido-láticas que pertencem à família Lactobacillaceae. Esses micro-organismos compõem a microbiota intestinal e são nossos aliados, contribuindo para o bom funcionamento do órgão e saúde.
Lactobacilos produzem ácido lático e ácidos graxos de cadeia curta, importantes fontes de energia para células intestinais e para outras bactérias benéficas que habitam o intestino. A produção de ácidos graxos e lático também ajuda no controle de micro-organismos ruins, causadores de doenças” Karina Maria Olbrich dos Santos, engenheira de alimentos e pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos
Além de atuarem como um “regulador” de bactérias no intestino, mantendo o equilíbrio da microbiota, os lactobacilos trazem uma séria de outros benefícios:
- Auxiliam na digestão;
- Ajudam a prevenir distúrbios gastrointestinais, como diarreia, constipação e síndrome do intestino irritável;
- Diminuem o risco de infecções gastrointestinais;
- Melhoram a absorção de vitaminas e minerais;
- Contribuem para o fortalecimento do sistema imunológico;
- Reduzem a absorção de gordura no intestino;
- Ajudam no aumento da saciedade;
- Auxiliam no controle do colesterol e da pressão arterial;
- Contribuem para o alívio do estresse e da ansiedade.
Exatamente por trazer benefícios ao corpo humano, uma parte dos lactobacilos é classificada como probióticos —que, por definição, são micro-organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, colaboram com a saúde do hospedeiro.
Onde encontrar os lactobacilos?
Como falamos, o leite fermentado é fonte de lactobacilos vivos. Mas essas bactérias boas para nossa saúde também estão em outras alimentos derivados do leite, como iogurte, kefir e alguns tipos de queijos.
Kombucha, picles e outros alimentos fermentados também contêm probióticos, além de alguns suplementos (em cápsulas, pó e líquidos) —no entanto, os especialistas dizem que o ideal é ingerir os lactobacilos presentes em “comida de verdade”.
“Componentes dos alimentos protegem as bactérias durante a digestão, contribuindo para que cheguem vivas em maior quantidade no intestino. É importante que os lactobacilos estejam vivos para agir beneficamente”, explica Santos.
Quanto consumir
Para ter o efeito probiótico desejado, o consumo de lactobacilos deve ser diário.
A dose mínima costuma ser de 8 a 20 bilhões de UFC (unidades formadoras de colônias) por dia —e a quantidade varia bastantes de pessoa para pessoa.
“Para alguns, uma dose mais baixa pode funcionar tão bem ou até melhor do que uma dose mais alta. Enquanto para outras pessoas uma dose alta (50 bilhões de UFC, por exemplo) é necessária para se ter o efeito desejado”, explica Marion Pereira da Costa, coordenadora do Laboratório de Inspeção e Tecnologia de Leite e Derivados da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFBA (Universidade Federal da Bahia).
CUIDADO COM O EXCESSO
Exagerar na ingestão de probióticos pode provocar efeitos colaterais, como:
- dor de estômago
- diarreia
- inchaço abdominal
- gases
Para evitar excessos, o ideal é consumir inicialmente uma porção pequena do alimento probiótico e sentir o efeito no organismo, para depois aumentar a dose.
No caso dos leites fermentados, muitos produtos já vem na porção adequada para o consumo diário —ou seja, apesar do frasco pequeno, ele tem o tamanho certo para oferecer uma quantidade de probióticos suficiente para trazer benefícios ao organismo, sem causar efeitos indesejados devido a uma ingestão excessiva.
Por mais que o consumo de leite fermentado e outros probióticos seja seguro, pessoas com algumas condições precisam ficar atentas:
- Diabetes e obesidade Muitos leites fermantados têm açúcar. O ingrediente não é proíbido para quem tem diabetes ou precisa perder peso, mas é importante seguir as orienteções e as quantidades de consumo indicadas por seu médico e/ou nutricionista.
- Intolerância à lactose Para evitar desconfortos, quem tem problemas ao consumir o açúcar presente naturalmente no leite deve procurar versões “zero lactose” do leite fermentado.
“Caso tenha estas ou outras condições médicas, consulte um especialista”, alerta Svetoslav Todorov, professor de microbiologia da USP (Universidade de São Paulo). O mesmo vale para o uso de suplementos.
“O médico precisa recomendar com base em cada paciente, já que um probiótico que pode funcionar para determinado organismo pode não funcionar para outro. Nos suplementos, a carga de probióticos é alta e concentrada, então é preciso acompanhamento”, completa Todorov.
Para quem não é indicado
De acordo com Dan Waitzberg, professor do Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e diretor do Grupo Ganep – Nutrição Humana, apesar da longa lista de benefícios que os probióticos trazem à saúde, o consumo sem orientação médica não é indicado para alguns grupos específicos, como:
Pessoas com imunodepressão, ou seja, que estejam com o sistema imunológico comprometido, como pacientes em tratamento de câncer ou transplantados;
Pessoas com intolerância à lactobacilos —nesses casos, pode ocorrer diarreia e náusea;
Pacientes com deficiência de ferro, zinco e cálcio —o consumo excessivo de lactobacilos pode piorar a deficiência desses minerais.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recomenda ainda que gestantes, mulheres que estão amamentando e crianças não consumam probióticos sem orientação médica.
Além disso, é importante lembrar que nem todos os suplementos ou alimentos que contêm lactobacilos são iguais. A eficácia e a segurança dos produtos podem variar, e alguns podem conter outras substâncias e causar efeitos colaterais.
Fonte: uol
Colunista: @chefcarlosmiranda