Imagine realizar apenas uma refeição por dia e ainda em um curto espaço de tempo. É o que prega a dieta OMAD (One Meal a Day Diet, ou dieta de uma refeição por dia, em português). Trata-se de uma versão extrema do jejum intermitente que visa contribuir com o emagrecimento de forma rápida. Mas será que é saudável e todo mundo pode fazer?
De acordo com os especialistas consultados por VivaBem, ainda não existem estudos que comprovem os benefícios da dieta OMAD para a saúde. Mas é sabido que há algumas contraindicações e riscos que devem ser considerados.
Ela não é indicada para pessoas que necessitam de uma maior quantidade de energia e proteína, como as crianças em fase de crescimento, gestantes e lactantes. Quem tem diabetes, câncer e insuficiência renal também não deve tentar essa dieta.
Como funciona a dieta OMAD?
Durante a dieta OMAD a pessoa não come por 23 horas e depois ingere todas as suas calorias em uma única refeição, no período de uma hora.
Ela é bastante parecida com o jejum intermitente, no qual a pessoa se priva de se alimentar por algumas horas ou reduz a ingestão de calorias. Nesses casos, pode ser feita restrição em dias alternados, jejum o dia inteiro ou por tempo limitado (restrição da ingestão por 12, 14 ou 16 horas diariamente).
No entanto, a maioria das pessoas que seguem a dieta OMAD opta por se alimentar à noite, no jantar. Mas há quem prefira ingerir os alimentos logo pela manhã.
Há ainda diversas versões da dieta OMAD. Alguns adeptos consomem apenas alimentos saudáveis e ricos em nutrientes, enquanto outros escolhem comer o que desejar nesta única refeição.
“Na dieta OMAD, a pessoa fica a maior parte do tempo com apenas água ou consome algo com poucas calorias (como café ou chá sem açúcar) por cerca de 23 horas. A proposta é associar o jejum com alimentos que tenham de 25% a 35% de proteína, 40% a 50% de gordura e de 10% a 20% de carboidratos”, diz Vera Salvo, nutricionista pós-doutora em saúde coletiva. Entretanto, segundo ela, são porcentagens que não são recomendadas para uma alimentação equilibrada.
Há benefícios?
Quem realiza a dieta OMAD acredita que ela oferece diversos benefícios, principalmente a perda de peso. O emagrecimento realmente acontece, já que há diminuição no consumo de calorias.
A estratégia também diminui a formação da gordura no corpo, ao quebrar as moléculas e utilizá-las como fonte de energia. Além disso, manter longos períodos sem se alimentar diminui os níveis de insulina e, consequentemente, há menor formação de gordura corporal.
A OMAD pode ser usada como uma ferramenta complementar para a perda de peso, mesmo que de forma temporária, principalmente em pessoas que não conseguiram emagrecer com outras estratégias, como ao tentar reduzir os carboidratos da dieta.
Há também quem busque a dieta pela praticidade, já que não precisa ficar contando calorias e também porque não há necessidade de excluir determinados alimentos.
“É uma estratégia muito semelhante ao jejum intermitente. Basicamente, é fazer uma restrição calórica por determinado tempo. Portanto, os benefícios são semelhantes e estão ligados à redução não só de peso, mas também de colesterol, pressão arterial, além de melhorar a resposta à glicemia e diminuir a gordura visceral”, diz Filipe Brito, professor e nutricionista clínico funcional.
Riscos para a saúde
Quem opta pela dieta OMAD costuma sentir logo nos primeiros dias alguns sintomas desagradáveis como fome excessiva, tontura, mal-estar, fraqueza, irritação e dificuldade de concentração. Tudo isso ocorre devido à restrição extrema de alimentos.
“O principal risco é a queda dos níveis de glicose no sangue (hipoglicemia). Ficar sem se alimentar por 23 horas provavelmente aumentará bastante a fome. E é comum que, quando o indivíduo for se alimentar, ele escolha alimentos mais calóricos e pouco nutritivos, como doces e frituras”, diz a nutróloga Eline de Almeida Soriano.
De acordo com Salvo, como faltam estudos específicos e controlados com essa dieta em humanos, a OMAD não deveria ser recomendada. “Se fosse, não deveria passar de uma a três vezes por semana, em dias não consecutivos, a fim de minimizar seus riscos”, diz. “O emagrecimento é um processo que precisa de orientação. A alimentação equilibrada e fracionada ainda é a melhor forma de alcançar este objetivo.”
A seguir, veja os possíveis riscos da OMAD:
Atrapalha a manutenção do peso: Quem faz a dieta OMAD pode perder peso rapidamente com a restrição de calorias. O problema é que, em alguns casos, é comum que a pessoa abandone a prática em pouco tempo, pois é difícil sustentar esse hábito alimentar por longos períodos. Dessa forma, costuma engordar novamente ou entrar no “efeito sanfona”, ou seja, engordar e emagrecer em um curto espaço de tempo.
Ingestão inadequada de nutrientes: É importante consumir alimentos ricos em nutrientes como vitaminas, minerais, proteínas, fibras e gorduras saudáveis. E fica mais complicado ingerir todos esses itens em apenas uma refeição. Por isso, a pessoa que realiza a dieta OMAD pode ter uma deficiência de nutrientes.
Risco de transtornos alimentares: Segundo Brito, estudos apontam que, para quem tem tendências a ter transtornos alimentares como anorexia e bulimia, o jejum frequente é um gatilho para aumentar o risco desses problemas de saúde. “Por isso, é fundamental o acompanhamento médico para que seja realizada uma avaliação individual antes de começar qualquer dieta”, afirma.
Indisposição: O alimento é considerado o combustível do corpo. Quando há uma restrição severa de nutrientes, é comum que o indivíduo sinta indisposição para realizar suas tarefas do dia a dia. Geralmente, esses sintomas ocorrem principalmente no início da dieta OMAD, quando o organismo ainda não se adaptou às mudanças alimentares.
Perigosa para quem tem diabetes: Para quem tem diabetes, síndrome metabólica que provoca a falta de insulina ou a incapacidade de produzi-la, a dieta OMAD é bastante arriscada: é importante realizar refeições regulares para manter os níveis estáveis de açúcar no sangue. Portanto, não deve ser realizada por esse grupo de pessoas.
*Com informações de reportagem publicada em 24/11/2022
Fonte: uol