O tipo de açúcar que você ingere pode determinar qual é o impacto na sua saúde, apontou um estudo da Universidade de Lund, na Suécia, publicado no dia 8 de dezembro no periódico Frontiers in Public Health.
Suco de caixinha está entre “vilões”
Estudiosos se basearam em dados de 69.705 suecos entre 45 e 83 anos. Eles participaram de dois levantamentos entre 1997 e 2009, sendo que 47,2% dos pacientes eram mulheres, e 52,8% eram homens, e responderam a questões sobre suas dietas e estilos de vida.
Cientistas também utilizaram dados destes pacientes no Registro Nacional de Saúde, para verificar a presença de sete doenças cardiovasculares até 2019. Entre as doenças estudadas estavam derrame (acidentes vasculares cerebrais isquêmicos e hemorrágicos), infarto, fibrilação atrial, aneurisma da aorta abdominal, isquemia cardíaca, estenose aórtica e insuficiência cardíaca.
Doces consumidos pelos suecos ouvidos pelos levantamentos foram divididos em três categorias. São elas: bebidas açucaradas, doces (como os de padaria, biscoitos e mais), além de coberturas (como mel, entre outros.)
Bebidas adocicadas artificialmente (refrigerantes e sucos de fruta industrializados, que não são puros) são piores para a saúde do que qualquer outra forma de açúcar. Quem bebeu mais delas teve risco significativamente maior de AVC isquêmico, insuficiência cardíaca, fibrilação atrial e aneurisma da aorta abdominal.
Mais do que oito porções por semana de bebidas adocicadas está associado a um risco 19% maior de derrame. O risco ainda é 18% maior de ter insuficiência cardíaca, 11% maior de ter fibrilação atrial e 31% maior de ter aneurisma da aorta abdominal.
Açúcares líquidos, encontrados em bebidas adocicadas [artificialmente], tipicamente oferecem menos saciedade do que suas formas sólidas — você se sente menos ‘cheio’ —, e potencialmente levam ao consumo em excesso. O contexto também importa. Doces são frequentemente servidos em ambientes sociais ou ocasiões especiais, enquanto bebidas doces podem ser consumidas mais regularmente [em casa]. Suzanne Janzi, doutoranda da Universidade de Lund e autora principal do trabalho, à revista científica Frontiers
Comer açúcar demais, no geral, também não é boa ideia
Ainda que você não exagere nas bebidas doces, o excesso de açúcar na dieta geral (mais do que 20% dos níveis de energia consumidos ao dia) aumenta o risco de algumas doenças. São elas o AVC isquêmico (9%) e aneurisma da aorta abdominal (31%) — mesmo nos pacientes com um índice de massa corpórea considerado normal, isto é, sem sobrepeso.
Cortar os doces de vez também foi associado a um aumento do risco de quase todas as doenças estudadas. “Isso pode refletir comportamentos de dieta mais básicos — indivíduos consumindo muito pouco açúcar podem ter uma dieta muito restritiva ou limitar o açúcar devido a doenças pré-existentes. Apesar de nosso estudo observacional não poder estabelecer uma relação de causa e efeito, estes achados sugerem que a ingestão de quantidades muito pequenas de açúcar pode não ser necessária ou benéfica para a saúde cardiovascular”, concluiu Janzi.
Substituições nem sempre são inteligentes. À rede americana CNN, a doutoranda afirmou que não se conhecem mecanismos biológicos que expliquem como o consumo de pouco açúcar aumenta os riscos de doenças cardiovasculares graves, mas que uma de suas teorias é que estas pessoas com baixos índices de consumo possam estar substituindo o açúcar por outros alimentos ou nutrientes pouco saudáveis, sem perceber.
Tradições culturais podem ser fator no estudo. Janzi também admitiu que o trabalho só analisa a população sueca, que tem o hábito de fazer uma pausa diária para comer doces de padaria e um café. Ou seja, excessos devem variar conforme a região, levando algumas populações a adoecerem mais ou menos, dependendo de quanto — e quais — açúcares consomem.
OMS recomenda que adultos e crianças consumam menos de 10% de açúcares livres em relação ao seu total de ingestão energética por dia. Este limite diminui os riscos de doenças metabólicas, mas para conservar a saúde dos dentes, a organização sugere um limite de 5% ou 25 g (6 colheres de chá diárias) de açúcares livres.
São considerados açúcares livres a glicose, frutose, sacarose/açúcar refinado (aquele de mesa) ou os adicionados através de produtos industrializados como sucos, refrigerantes, bebidas lácteas, biscoitos e mais. Frutas frescas, vegetais e açúcares naturalmente presentes no leite não estão inclusos na lista da OMS, pois não há evidência de efeito adverso no consumo destes produtos.
Fonte: uol