Sophia @princesinhamt
Food

Cozinha afetiva é composta por boas memórias e receitas simples

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Cozinhar é uma atividade afetiva para muitas pessoas. Os sabores, cheiros e o preparo de refeições são capazes de trazer lembranças à tona, sendo ligados a pessoas queridas e momentos importantes na vida das pessoas.

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Seja no cheiro de café que te acorda antes de levantar da cama, no almoço de domingo na casa dos avós ou nas comidas típicas de datas comemorativas, o cozinhar e o comer são mais do que o propósito de alimentar o corpo. São momentos de reunir a família ou os amigos para refeições, momentos de carinho, aconchego e afeto.

Cozinha e cuidado

A social media Gabriela Laguna, 28, é mãe e conta que começou a cozinhar desde pequena. “A minha mãe tinha 1h30 de almoço, então ela tinha que chegar em casa e ter um almoço pronto para ela poder comer e sair”, pontua. Para que isso fosse possível, ela e a irmã se revezavam na cozinha. “E isso era uma forma de carinho né, era uma forma de eu poder ajudar a minha mãe a organizar a rotina dela”, recorda.

Por sua vez, Marisilda Vischi Mesquita, 57, que é cozinheira e avó, também considera cozinhar uma forma de afeto, isso porque “quando se faz o que gosta, e faz com amor, vai satisfazer o outro”. É o “prazer de fazer pratos saborosos”, que faz com que ela goste de cozinhar. “Eu amo fazer qualquer prato, porque amo a arte de cozinhar”, declara.

Essa atividade afetiva também está ligada à família e ao cuidado, lembrando de sua mãe que cozinhava muito bem e de quando ela passou a cozinhar para a irmã que estava doente.

A ideia da mulher cozinheira

A chef de cozinha, Adriana Castro, 47, relata que demorou para prestar atenção na sua aptidão para a cozinha. “Eu não tinha muita afetividade, muita conexão com comida de maneira geral, sempre fui muito criativa na cozinha, mas nunca imaginei que ia me transformar em uma cozinheira”, recorda.

Isso aconteceu em partes por causa de estereótipos criados culturalmente em volta da mulher cozinheira. “Até porque tinha muito ideia de cozinheira aquela mulher que fica na cozinha e que ninguém respeita”, explica.

Assim, ela se formou em administração e foi só aos 40 anos que descobriu sua aptidão para trabalhar com comida. Ela recorda que teve um restaurante por 10 anos e foi então que sentiu a cozinha lhe chamando.

Quando isso aconteceu, ela explica que parou de se importar tanto sobre a imagem criada em relação a cozinheira “isso pra mim se transformou em secundário, eu não estava mais preocupada se eu ia estar com o cabelo sempre arrumado, se eu ia estar sempre cheirando fritura”.

Depois que ela passou a trabalhar com comida, suas amigas com quem conviveu desde a infância, chamaram atenção para ela sempre ter tido essa aptidão, mas ela nunca havia parado para prestar atenção. “É aquele ditado: às vezes, as coisas estão sempre do nosso lado só que na correria a gente não presta atenção”, conta.

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Receitas que carregam memórias

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Gabriela Laguna conta que para ela muitas comidas carregam memórias, principalmente aquelas que costumavam ser feitas por sua mãe ou por sua avó. Em especial, ela recorda de um receita de batata cozida na panela de pressão: “é uma batata cozida na panela de pressão com cebola e azeite e sal”.

Apesar da simplicidade da receita, ela conta que não consegue fazer igual. “É simples, mas eu não consigo reproduzir, porque parece que nunca vai ficar igual a da minha avó… e ela já tentou me ensinar mil vezes e eu não consigo”, explica.

Além dessa receita, ela recorda da yakisoba que sua mãe costuma preparar e de uma receita que ela aprendeu com a mãe: “uma receita de mandioca com carne de porco, nossa essa é uma receita que para minha família, pro meu ex-marido e pro meu filho, é a receita preferida deles, que eu aprendi com a minha mãe”.

Para Marisilda Mesquita, a canja de galinha, que costumava fazer para a irmã que estava doente, tornou-se afetiva. “O que ela conseguia comer era uma canja de galinha e eu sempre fazia pra ela, por isso que agora todas as vezes que eu faço, fico com saudade dela, por isso ficou pra mim uma comida afetiva”, conta.

Além disso, ela considera afetiva as receitas de polenta, macarronada e frango de panela, que costumavam ser feitas por sua mãe, por serem “comidas que eu gostava muito e ela fazia muito bem”. Dessa forma, quando ela recria essas receitas, também lembra dela.

Para Adriana Castro, as memórias afetivas de comida remontam sua avó mineira, “eu venho assim de uma memória afetiva de comida caipira, de comida simples, tanto que o que eu mais gosto de fazer é prato único, de panela única, e a minha especialidade é comida. Faço finger foods, vou um pouco pra comida francesa, mas o que eu gosto mesmo é da comida brasileira”.

Entre os pratos que sua avó costumava fazer, lembra “dela fazer pipoca e embrulhar em saquinho de pão pra gente, lembro muito de bolo de fubá, muita polenta com frango”.

A simplicidade da comida caipira, mas sempre com atenção aos detalhes, é o que mais a recorda da avó. “Na simplicidade que ela tinha, fazia algo diferente. Não oferecia só a pipoca ou só o arroz com feijão, oferecia um carinho, uma forma de apresentação que encantava a gente que era criança na época”, relembra.

É isso que Adriana busca oferecer no seu trabalho “eu falo que eu não vendo comida, eu vendo uma prestação de serviço, onde tem toda uma forma de apresentar, para que aquela comida seja lembrada mais do que muito saborosa, mas também muito bonita”.

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Cozinhar todo dia nem sempre é fácil

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Todo mundo precisa comer, então, apesar dos momentos afetivos, cozinhar também é uma atividade diária que a maioria das pessoas precisa fazer. Por causa disso, Gabriela compartilha que nem sempre cozinhar é divertido “têm dias que eu adoro e têm dias que eu odeio, porque tudo que é obrigação a gente acaba não gostando um pouco”.

Apesar da parte rotineira da necessidade de cozinhar, Gabriela conta que gosta muito de inventar na cozinha. “Eu acredito que não tem um prato que eu mais goste de fazer, tem os pratos que eu gosto de inventar. Eu gosto muito de ser criativa na cozinha, principalmente quando eu estou em época de dieta, gosto de fazer umas saladas diferentes”.

Parte dessa criatividade é incentivada pelas redes sociais, “eu sigo muita gente, chefes e amantes da cozinha”. Além disso, quando viaja para novos lugares, Gabriela adora visitar restaurantes diversos: “eu acho que isso parte um pouco do que eu gosto de cozinhar, eu gosto de cozinhar coisas diferentes, de testar receitas”.

Seja com receitas passadas de geração em geração, ou com aquelas que encontrou por meio da internet, a comida tem um potencial enorme para unir pessoas em momentos de carinho e afeto!

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