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Comunidade quilombola de Jaraguari: a ressurreição da famosa rapadura A rapadura é um doce tradicionalmente brasileiro, feito a partir do caldo da cana-de-açúcar. E uma comunidade quilombola no município de Jaraguari, no estado do Mato Grosso do Sul, encontrou na produção desse doce um caminho para renascer. O Quilombo Furnas do Dionísio, localizado a cerca de 30 km de Campo Grande, capital do estado, é habitado por mais de 400 famílias que vivem principalmente da agricultura de subsistência. Por muito tempo, a comunidade enfrentou desafios econômicos e sociais, lutando para preservar sua cultura e tradições. Com a ajuda de programas de apoio à agricultura familiar e ao desenvolvimento sustentável, o quilombo passou a investir na produção e comercialização da rapadura. A doce iguaria ganhou fama por sua qualidade e sabor único, atraindo a atenção de consumidores de diversas regiões do Brasil e até mesmo de outros países. Atualmente, a comunidade possui uma fábrica de rapadura, onde as famílias trabalham cooperativamente na produção do doce. Além disso, eles montaram uma feira de produtos, onde além da rapadura, são oferecidos outros produtos agrícolas cultivados pela comunidade, como hortaliças, frutas e legumes. A rapadura do Quilombo Furnas do Dionísio é reconhecida pela sua qualidade e tradição. Os quilombolas utilizam técnicas ancestrais de produção, como a extração do caldo da cana em engenhos movidos a tração animal e a fervura do caldo em fornos a lenha. Esses processos artesanais conferem uma textura e sabor únicos ao doce. Além de impulsionar a economia local, a produção da rapadura trouxe outros benefícios para a comunidade. O quilombo ganhou visibilidade e conquistou reconhecimento por sua diversidade cultural e tradições quilombolas. O turismo também se desenvolveu na região, atraindo visitantes interessados em conhecer a história e o sabor típico da rapadura do Quilombo Furnas do Dionísio. A ressurreição da rapadura impulsionou não só a vida econômica, mas também a autoestima dos quilombolas. Eles encontraram na valorização de seus saberes e tradições um meio de resistência e preservação da sua identidade cultural. A história da comunidade quilombola de Jaraguari, que renasceu com a famosa rapadura, é um exemplo inspirador de como a valorização da cultura local pode promover o desenvolvimento sustentável e melhorar a qualidade de vida das comunidades tradicionais.

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A 36 km de Campo Grande, na comunidade quilombola Furnas de Dionísio, a rapadura foi capaz de mudar uma realidade. Durante anos, o trabalho para muitos moradores da região só era possível em outros municípios, principalmente na Capital. Porém, com a produção da cana-de-açúcar e da rapadura, a fonte de renda mudou.

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Produção De Rapadura Em Jaraguari (Foto: Sérgio Saturnino/+Agro)

“Hoje a Rapadura é o nosso carro chefe, é a nossa marca aqui da comunidade, qualquer lugar que você for e fala Furnas do Dionísio, falam “ah a rapadura”, então ela é patrimônio cultural do Mato Grosso do Sul”, enfatiza a moradora Vera Lucia dos Santos, que atua como presidente da Associação Furnas do Dionísio.

Furnas de Dionísio fica no município de Jaraguari, pertinho de Campo Grande. O local, além da gastronomia, atrai muitos turistas pelas cachoeiras da região. Lá é possível fazer trilhas e aproveitar um pouco o ar livre.

Toda essa beleza atraiu os quilombolas no passado, mulheres e homens pretos que, libertos da escravidão, puderam recomeçar em Mato Grosso do Sul.

A principal fonte de renda acaba sendo justamente a agricultura familiar, em que atualmente 110 famílias atuam, focando a produção na farinha de mandioca, no queijo, na rapadura, além da plantação de hortaliças.

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Tacho De Rapadura (Foto: Sérgio Saturnino/+Agro)

Mas, e a rapadura?

A produção começa com a extração da garapa da cana-de-açúcar, que é levada para a fornalha e colocada em uma peneira para que fique só o produto no tacho.

“É no caminho da roça onde começa todo esse processo para chegar na rapadura. É uma fonte de riqueza hoje para a comunidade a cana-de -açúcar, que até antigamente era produzida em pequena quantidade, pequena escala”, explica Nilson Abadio Martins, agricultor e morador da comunidade.

Martins é especialista no processo de produção da rapadura. Ele conta que, depois da garapa ferver, em torno de 4 horas ela atinge o ponto ideal. Então, é só colocar em formas para realizar o corte do material e seguir para a entrega do produto puro e artesanal.

“No passado a gente precisava sair daqui [de Furnas do Dionísio], porque não tinha trabalho de complementação de renda, tivemos que migrar para outros lugares, como Campo Grande. Eu mesmo fiquei, por exemplo, sete anos em Campo Grande”, relembra. Agora a realidade mudou.

“O pessoal vem muito aqui, por ser um produto de qualidade, feito na comunidade quilombola, com produtores, todos fazem com amor, é um produto bem aceito no mercado e está sendo bem comercializado”, comenta.

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Rapadura De Jaraguari (Foto: Sérgio Saturnino/+Agro)

*Com supervisão de Naiane Mesquita

Fonte: primeirapagina

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