A 36 km de Campo Grande, na comunidade quilombola Furnas de Dionísio, a rapadura foi capaz de mudar uma realidade. Durante anos, o trabalho para muitos moradores da região só era possível em outros municípios, principalmente na Capital. Porém, com a produção da cana-de-açúcar e da rapadura, a fonte de renda mudou.
“Hoje a Rapadura é o nosso carro chefe, é a nossa marca aqui da comunidade, qualquer lugar que você for e fala Furnas do Dionísio, falam “ah a rapadura”, então ela é patrimônio cultural do Mato Grosso do Sul”, enfatiza a moradora Vera Lucia dos Santos, que atua como presidente da Associação Furnas do Dionísio.
Furnas de Dionísio fica no município de Jaraguari, pertinho de Campo Grande. O local, além da gastronomia, atrai muitos turistas pelas cachoeiras da região. Lá é possível fazer trilhas e aproveitar um pouco o ar livre.
Toda essa beleza atraiu os quilombolas no passado, mulheres e homens pretos que, libertos da escravidão, puderam recomeçar em Mato Grosso do Sul.
A principal fonte de renda acaba sendo justamente a agricultura familiar, em que atualmente 110 famílias atuam, focando a produção na farinha de mandioca, no queijo, na rapadura, além da plantação de hortaliças.
Mas, e a rapadura?
A produção começa com a extração da garapa da cana-de-açúcar, que é levada para a fornalha e colocada em uma peneira para que fique só o produto no tacho.
“É no caminho da roça onde começa todo esse processo para chegar na rapadura. É uma fonte de riqueza hoje para a comunidade a cana-de -açúcar, que até antigamente era produzida em pequena quantidade, pequena escala”, explica Nilson Abadio Martins, agricultor e morador da comunidade.
Martins é especialista no processo de produção da rapadura. Ele conta que, depois da garapa ferver, em torno de 4 horas ela atinge o ponto ideal. Então, é só colocar em formas para realizar o corte do material e seguir para a entrega do produto puro e artesanal.
“No passado a gente precisava sair daqui [de Furnas do Dionísio], porque não tinha trabalho de complementação de renda, tivemos que migrar para outros lugares, como Campo Grande. Eu mesmo fiquei, por exemplo, sete anos em Campo Grande”, relembra. Agora a realidade mudou.
“O pessoal vem muito aqui, por ser um produto de qualidade, feito na comunidade quilombola, com produtores, todos fazem com amor, é um produto bem aceito no mercado e está sendo bem comercializado”, comenta.
*Com supervisão de Naiane Mesquita
Fonte: primeirapagina