Uma mulher viralizou nas redes sociais depois de relatar que é “alérgica à corrida”. No vídeo publicado no TikTok, a canadense Divz Mangat, 27, aparece correndo no aeroporto para não perder o voo. Alguns minutos depois, já dentro do avião, ela começa a sentir uma reação alérgica, com urticárias na pele e dificuldade para respirar.
“Nos últimos meses, toda vez que corro ou fico estressada, tenho urticária. Não tinha certeza se era devido à corrida ou ao estresse. Mas, naquele dia, percebi que tinha 100% a ver”, disse ao site Newsweek. O vídeo tem mais de 6,7 milhões de visualizações na rede social. O caso ocorreu no final de abril deste ano.
Assim que começa a passar mal, Divz injeta adrenalina na perna, medicamento mais indicado em casos de anafilaxia (reação alérgica grave).
Existe alergia à corrida?
Sim. O nome do quadro, na verdade, é anafilaxia induzida por exercício. A condição está relacionada com a ingestão de alguns alimentos, medicamentos e bebidas alcoólicas associados à prática de algum exercício.
De acordo com Regis de Albuquerque Campos, coordenador do Departamento Científico de Urticária da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), o quadro é raro, mas exige atenção.
“O que costuma ocorrer é a pessoa ingerir algum alimento e, depois de 1h ou 2h, ela faz um exercício e tem o quadro de anafilaxia. Neste caso, o tratamento é com adrenalina, como ela fez”, explica o alergista e imunologista.
No geral, os sintomas mais frequentes são:
Urticária (placas avermelhadas na pele)
Inchaço
Queda de pressão
Desmaios
De acordo com um (]*rel=”)noopener(“[^>]*>)documento feito pela Asbai, os alimentos mais envolvidos são trigo, frutos do mar (especialmente camarão), aipo, milho, leite de vaca, banana, farinhas contaminadas com ácaros e amendoim.
Importante ressaltar que exercícios aeróbicos isolados, assim como apenas a ingestão dos alimentos alergênicos sem exercícios associados, não costumam causar a anafilaxia nos pacientes.
É um quadro de alergia que só vai ser desencadeado quando a pessoa faz o exercício. Se ela comer algo, por exemplo, e não fizer atividade física, ela não vai apresentar sintomas mais intensos da alergia. Regis de Albuquerque Campos, alergista
Existe tratamento?
Sim, mas vai depender da causa relacionada. Se a pessoa identificar o que causa a alergia grave, o médico pode criar um plano de ação caso o contato com alimento, por exemplo, volte a acontecer.
Além disso, é indicado que o paciente ande com uma nécessaire contendo um antialérgico, um broncodilatador e a caneta de adrenalina.
É possível ainda utilizar alguns medicamentos antialérgicos e, em situações mais complexas, o uso de imunobiológicos.
A orientação também envolve evitar comer por 4h a 6h antes e após o esforço físico, além de evitar os alimentos que desencadeiam a reação.
Também é aconselhável não praticar exercício em condições com muito calor, frio ou umidade.
É preciso diferenciar quadros
Uma situação parecida com a anafilaxia induzida por exercício é a urticária colinérgica, de acordo com o médico da Asbai.
A urticária colinérgica causa pequenas lesões na pele quando a pessoa pratica exercício. Neste caso, o surgimento de sintomas tem relação direta com o aumento da temperatura corporal.
Na urticária colinérgica a causa é a temperatura corporal, não um alimento ou medicação. Existem pacientes que até com banho quente podem apresentar esse quadro. Regis de Albuquerque Campos, alergista
Fonte: uol
Colunista: @chefcarlosmiranda