Sophia @princesinhamt
Mundo

Todos contra todos na Argentina: criadora e criatura estão em choque

2024 word1
Grupo do Whatsapp Cuiabá

Todo mundo sabia que ia acontecer, como uma novela da qual já se conhece o final, mas nem por isso fica menos interessante assistir o espetáculo do confronto entre um presidente que não manda mais nada, Alberto Fernández, que se desidratou política e fisicamente, e a sempre poderosa Cristina Kirchner.

Flashback rápido: sabendo do alto índice de rejeição a seu nome, Cristina pegou um candidato fraco em 2019 e lhe deu a força necessária para derrotar Mauricio Macri, já com as pernas quebradas por uma crise econômica que, desde então, não parou de aumentar. Ficou, modestamente, com o cargo de vice e a presidência do Senado, garantindo-lhe imunidade para os processos por corrupção.

Agora, impulsionada entre outros fatores pela eleição de Lula, ela acha que pode se livrar do poste e decidiu monocraticamente que também deveria varrer do mapa as eleições primárias, conhecidas como PASO, que escolhem o candidato presidencial de cada coalizão – a peronista é a Frente de Todos.

O presidente Fernández não tem poder, não tem popularidade, não tem dólares e não tem nenhum controle sobre a máquina peronista ou sobre a economia, inteiramente entregue ao ministro Sergio Massa. Mas acredita que deve ser candidato à reeleição. Deve ser alguma coisa na água de Olivos, a residência presidencial.

Mais magro, tendo deixado vários quilos na “dieta de Alberto”, que consiste em não comer nada que é bom, como doces e carboidratos, ele cresceu para cima dos kirchneristas. Levou uma pancada de Máximo Kirchner, o filho que manipula forças mais sombrias, que ironicamente lembrou a existência do turismo de aventura para quem quer viver de maneira perigosa, e respondeu:

“Podem me acusar de qualquer coisa, menos de ser aventureiro. Quando um companheiro critica o outro, começa a deixar de ser peronista”.

Com coragem característica, logo disse que não era uma indireta para Máximo Kirchner. “Eu não estou respondendo a ele. Máximo tem todo direito, é um homem respeitável, uma boa opinião sobre ele, de maneira nenhuma eu o estou contestando”.

A quem estaria, então, se dirigindo, ao ectoplasma de Carlos Gardel?

O desempoderado presidente argentino é , avança um pouquinho e bate em retirada rapidamente. Foi o primeiro a embarcar no avião para cumprimentar Lula e ficar bem na foto com a turma da , mas sabe que não pode bater de frente com Cristina.

“Não me arrependo de nada”, disse, como numa letra de tango bem melodramático.

Para sorte da Frente de Todos, a outra coalizão, Juntos pela Mudança (JPC, no acrônimo em espanhol) também está sendo consumida pelas ambições presidenciais. Macri quer voltar, claro, embora jure o contrário. Outros nomes da frente oposicionista acham que o cavalo selado está passando bem diante deles. Entre eles, Horacio Rodríguez Larreta, prefeito de Buenos Aires, e Patricia Bullrich, a briguenta líder do partido Proposta Republicana.

Antes, a Argentina tem que chegar a 2023. Não e exatamente fácil com inflação projetada de 100% para este ano e reservas praticamente a zero. A “solução” tem pouco de original: um novo programa chamado Preços Justo – o nome menos chocante do tabelamento -, multas para empresas por “abuso de posição dominante” e a retomada da tática de ligar diretamente para os empresários envolvidos quando “se detectam desvios de preços”, segundo o jornal La Nación.

Pode dar certo?

“O mais surpreendente do país em ruína é que sobram candidatos a presidente”, ironizou Fernando González no Infobae. “Brotam todos os dias, como se chegar à Casa Rosada tivesse o glamour de liderar alguma potência econômica”.

“Vou fazer o que tiver que fazer”, já avisou Cristina Kirchner. Alberto Fernández que se prepare para perder mais alguns quilos políticos.

Fonte: Veja

Sobre o autor

Avatar de Redação

Redação

Estamos empenhados em estabelecer uma comunidade ativa e solidária que possa impulsionar mudanças positivas na sociedade.