A terceira temporada de Succession estreou no final de 2021, já com status de destaque na HBO, e carregando nas costas o peso dos últimos nove Emmys adquiridos, incluindo melhor série dramática e melhor ator, para Jeremy Strong. Na premiação marcada para 12 de setembro de 2022, ela concorre novamente, atingindo o posto de série mais indicada da edição, acumulando impressionantes 25 indicações ao Emmy 2022.
Para quem nunca assistiu a comédia dramática, que já está caminhando para sua quarta temporada, pode se perguntar se tanta expectativa é realmente necessária, ou mesmo não entender o porquê Succession recebe tanta aclamação. Nesse caso, o AdoroCinema te explica alguns motivos pelos quais a série da HBO conquistou tanto reconhecimento e fãs espalhados pelo mundo.
Te dou contexto: Succession é sobretudo, um drama familiar. Com um detalhe que faz toda a diferença: a família em questão, os Roy, é dona de um dos maiores conglomerados midiáticos do mundo, a Waystar RoyCo. Então, o patriarca Logan Roy (Brian Cox), além de exercer muito poder dentro de sua família, é de fato, um homem muito poderoso. Do tipo que negocia diretamente com presidentes e é capaz de executar movimentos que podem impactar milhões de pessoas. E claro, é bilionário.
Mas Logan, mesmo que o próprio se esqueça, é um ser humano. E como qualquer ser humano, ele está envelhecendo e lidando com o fato, de que não poderá comandar a empresa por muito mais tempo. A premissa da série, então, se desenrola a partir daí: qual dos filhos de Logan é capaz de suceder e continuar o legado do pai?
Os filhos em questão, são Connor (Alan Ruck), Kendall (Jeremy Strong), Roman (Kieran Culkin), e Shiv (Sarah Snook). Connor, o mais velho, nunca sequer foi considerado para participar dos negócios da família, e Kendall sempre pareceu ser a escolha mais natural. Todavia, Kendall é de longe um dos personagens mais complexos da série, e o que mais passa por reviravoltas, porém, sempre voltando para o mesmo lugar, sina que divide com os dois irmãos mais novos, Roman e Shiv: a impossibilidade de adquirir uma autonomia perante o pai, não somente financeira, mais psicológica. Eis o maior poder de Logan Roy, afinal de contas, o poder que ele exerce manipulando seus próprios filhos, que falham (e foram criados para falhar) em suceder o pai.
Falham em buscar algo para si de forma independente. Falham, porque não conseguem sair da órbita narcisista de Logan, que se alimenta dos fracassos de seus próprios filhos, porque isso, de alguma forma, reafirma o quanto ele é insubstituível.
Pairando em torno dessa tensão presente no núcleo dos Roy, temos alguns personagens bem importantes, como Tom (Matthew Macfadyen), o marido capacho de Shiv, e Greg (Nicholas Braun), o primo que decide pedir um emprego para o tio rico, e acaba se envolvendo, junto com seu amigo/chefe/algoz Tom, nos meandros mais sujos das relações empresariais, dentro da Waystar RoyCo.
A interação entre os dois outsiders da família é divertidíssima. E traz o tom de humor bem marcante de Succession, que é transformar o espectador em um observador privilegiado da falência moral dos mais ricos. Mas, se engana quem pensa que os dois não são capazes de entrar no jogo dos Roy e provocar reviravoltas – mesmo que nem sempre, bem sucedidas.
Succession é uma criação do britânico Jesse Armstrong, que dá um quê teatral às cenas, preenchendo a tela da televisão como um palco, com um drama tão conectado aos nossos tempos, mas que já chega sendo clássico. A trama é favoritíssima ao Emmy 2022 e conta ainda com poderosas atuações como de Hiam Abbass (vivendo Marcia Roy, esposa de Logan) e uma trilha entorpecedora de Nicholas Britell.
Sem dúvidas é uma das melhores séries produzidas nos últimos anos. Seja pelas atuações brilhantes, pelas tramas caóticas que reconfiguram a linha do absurdo, ou pelo texto que abre um precedente para as produções que virão, Succession merece mesmo que o mundo inteiro esteja falando sobre ela.