*Matéria originalmente escrita por Ygor Palopoli e Katiúscia Vianna.
Início da década de 90. Jim Carrey era um rapaz humilde, de origem pobre, que persegue o seu sonho de tornar-se um humorista mundialmente famoso, enquanto luta para sustentar sua mãe, que vive com ele em um trailer, ainda sem muitas perspectivas do futuro. Ao mesmo tempo que tenta equilibrar as contas do lar com o seu grande objetivo, sua vida muda ao ser aprovado para estrelar a comédia Ace Ventura, em 1992.
Após o sucesso de Ace Ventura, não tardou para que viesse O Máskara, depois Batman Eternamente, O Mentiroso… rapidamente, Jim Carrey conseguiu sair da situação na qual se encontrava, mudou de vida e tornou-se um artista internacionalmente famoso e reconhecido, passando a alternar ainda entre comédia e drama posteriormente.
Jim Carrey: Ace Ventura e outros filmes do ator que queremos que tenham continuação
Pulando alguns anos para o futuro — mas ainda não atualmente —, Carrey esteve alguns anos afastado das grandes mídias após um abandono gradativo de grandes projetos aos quais era convidado a participar. Ele sumiu de qualquer holofote por um bom tempo e reapareceu apenas com um visual bastante diferente do que o tornou conhecido.
Felizmente, agora o astro parece ter se recuperado um pouco do problema que causou parte de seu afastamento, voltando aos cinemas como o Dr. Robotinik, grande vilão de Sonic 2 – O Filme. Confira abaixo uma matéria especial que ajuda a entender seu distanciamento. Vamos lá!
DEPRESSÃO
Em 2004, ano de lançamento do aclamado Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças, Jim Carrey relatou em uma entrevista ter sido diagnosticado com depressão: “Há picos e vales, mas eles são sempre escavados e suavizados para que você sinta um permanente desespero e fique sem respostas, mesmo que consiga viver bem. Você consegue sorrir quando está no trabalho, mas continua em um baixo nível de aflição”.
A preocupação com a saúde mental do ator começou a ser uma pauta na época, especialmente porque foi justamente a partir desta entrevista, em pleno ápice, que seus trabalhos começaram a diminuir. Para se ter uma noção, em 2004 o rapaz filmou três longas, enquanto em 2005 fez apenas um (As Loucuras de Dick e Jane), e nenhum em 2006.
Jim Carrey: Ace Ventura e outros filmes do ator que queremos que tenham continuação
2007 trouxe o fiasco de crítica e bilheteria Número 23, mostrando Carrey em um gênero pouco explorado até então, mas que acabou não dando muito certo. Os anos seguinte foram se passando e sua filmografia teve uma queda brusca, contando com poucos filmes capazes de ainda trazer um público razoável, como Sim, Senhor e O Golpista do Ano. Mas ainda seria pior.
AFASTAMENTO
Por volta de 2014, Carrey já estava em um nível no qual fazia pouquíssimos filmes. As exceções eram continuações ou convites especiais, a exemplo de Kick-Ass 2 e Debi & Lóide 2. No entanto, em 2015 um duro baque piorou a situação de maneira desastrosa.
Em setembro de 2015, a ex-namorada do ator, Cathriona White, foi encontrada morta em decorrência de overdose de remédios. Junto ao corpo foi encontrada uma carta escrita para Jim, ainda citando o relacionamento dos dois: “Esperei três dias sem acreditar que você não está aqui. Eu posso ir de coração partido e tentar colocar os pedaços de volta. Eu poderia, mas desta vez eu não tenho mais vontade”.
No ano seguinte, o ator foi acusado pelo viúvo de Cathriona de ter sido responsável por comprar os remédios que acabaram matando-a na overdose. Investigações posteriores revelaram que a aquisição foi realizada sob o pseudônimo de Arthur King, que Carrey costumava usar para algumas atividades sem precisar ser reconhecido. Desde então, Jim foi visto apenas no enterro da jovem, chorando, e depois seus amigos mais íntimos relataram que sua depressão havia se agravado, e que ele não saía mais de casa. Foram, assim, 4 anos sem realizar nenhum grande projeto.
RETORNO
Neste meio-tempo, Jim Carrey lançou o curta documental I needed color, no qual ele fala sobre como a pintura salvou seus dias de serem tomados pela angústia e aflição causados pela depressão: “Eu não sei o que a pintura me ensina”, diz Carrey durante o documentário. “Eu só sei que ela me liberta. Fico livre do futuro, livre do passado, livre do arrependimento, livre de preocupações Você nunca sabe realmente o que uma escultura ou pintura significa de fato, você acha que sabe”, conclui.
Também foi nesta época que ele começou a aparecer em eventos e a dar entrevistas um tanto peculiares, preocupando ainda mais os fãs. No New York Fashion Week, por exemplo, ele foi questionado sobre a razão de não ter ido acompanhado ao local e respondeu que estava à procura de algo que fizesse o menor sentido possível, e ainda completou dizendo que toda aquela realidade era falsa e que ele, na verdade, não existe.
Por onde andam os comediantes do século XXI?
Em outras ocasiões, o ator falou sobre como “não há Jim Carrey” e sobre sua libertação de si mesmo, criando um extenso fundo para algumas teorias na internet. Seu posicionamento contrário a temas como vacinas e indústria médica também continua causando preocupação, especialmente em um período no qual ele afirmou ter se livrado da depressão, mas que continua agindo de maneira contundente.
O ponto é que, seja como for, há um certo alívio em vê-lo trabalhando novamente. No ano passado, o ator embarcou como protagonista da série Kidding, que mostra a vida de um apresentador animado de televisão que, na realidade, não consegue lidar com a própria tristeza e infelicidade, traçando um retrato quase biográfico de si. Em 2020, estrelou Sonic – O Filme, dando esperança de que, mesmo aos 58 anos, este possa ser um recomeço. E, se depender do sucesso que a produção teve, pode ser mesmo.
Fonte: adorocinema.com