Certa vez, a Netflix deu 55 milhões de dólares a (diretor de ) para fazer uma gravada em São Paulo – e nunca a veremos. Isso porque “está claro que o Sr. Rinsch nunca iria concluir o projeto que concordou em fazer”, disse um porta-voz da Netflix ao The New York Times.
Ainda segundo a reportagem, o diretor gastou uma grande parte desse dinheiro não na série, mas em criptomoedas, Rolls-Royces e roupas de grife. O cancelamento do projeto colocou Rinsch e Netflix em uma luta na justiça, com o primeiro reivindicando US$ 14 milhões em danos, considerando que a empresa quebrou o contrato. Mas, o que exatamente aconteceu e de qual projeto estamos falando?
Há pouco mais de uma década, Rinsch era um daqueles nomes promissores, um diretor que aguardava sua grande oportunidade e que, aliás, começava a ser comentado em Hollywood para projetos importantes como o prelúdio de que mais tarde seria intitulado . Como você já sabe, isso não aconteceu (devido a uma briga entre Fox e ) e Rinsch acabaria estreando na direção com o estrelado por .
Santiago Cerini/The New York Times
, mas isso não o impediu de trabalhar no projeto dos seus sonhos com a então esposa Gabriela Rosés Bentancor: White Horse, um promissora série de ficção científica.
A trama girava em torno de um gênio que inventa uma espécie de humanoide chamado Inteligência Orgânica. Esses seres começam a ser enviados a lugares ao redor do mundo para realizar trabalhos de ajuda humanitária, mas quando os humanos descobrem sua verdadeira natureza, eles se voltam contra eles.
Rinsch começaria a produzir com seu próprio dinheiro – e de amigos como Keanu – e filmaria uma série de episódios curtos (4 a 10 minutos) para apresentá-los como protótipo às diversas plataformas de streaming. Embora a Amazon estivesse muito interessada, foi a Netflix que assumiu a liderança, convencida de que tinha muito potencial para se tornar a próxima grande franquia de ficção científica.
Dessa forma, a empresa concordou em pagar US$ 61,2 milhões pelos direitos da série, agora intitulada Conquest. Além disso, deram a Rinsch o controle total (incluindo a edição final) e a garantia de que tanto ele quanto a esposa estariam envolvidos em futuras temporadas e spin-offs.
Como dissemos, Rinsch já havia começado a filmar a série e, antes da Netflix, o projeto já era um pesadelo de atrasos, brigas com investidores, gravações de 24 horas, idas urgentes ao hospital por hipotermia, etc. E isso não acabou depois da Netflix: as filmagens em São Paulo foram visitadas por representantes do sindicato de atores locais por conta de reclamações sobre o comportamento do diretor.
Santiago Cerini/The New York Times
Criptomoedas
O colapso da produção ocorreria com a chegada do coronavírus. Até então, a Netflix já havia desembolsado US$ 44,3 milhões e Rinsch estava muito atrás em termos de produção, navegando entre duas versões do roteiro – uma das quais daria origem a uma 2ª temporada. Apesar da relutância, a empresa transferiu para ele outros 11 milhões – mas a maior parte desse dinheiro foi para investimentos de risco no mercado de ações e em criptomoedas.
Em março de 2021, a Netflix, depois de tentar por todos os meios levar a série adiante, não viu Conquest. Algo que irritou muito o diretor que, além disso, considerou que o dinheiro gasto em carros de luxo era para adereços… versão que mudaria pouco depois, garantindo que “o dinheiro era contratualmente dele”.
Embora não seja o primeiro, nem será o último, caso de uma produção milionária que acaba jogada no lixo, é preciso reconhecer que é um dos exemplos mais curiosos e peculiares de desastre dos últimos tempos.
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Fonte: adorocinema
