Ainda não há muitas novidades sobre a 3ª temporada de Lupin, série francesa da Netflix estrelada por Omar Sy. O que se sabe é que, em fevereiro, as gravações estavam acontecendo nos arredores de Paris e que houve até um assalto ao set, com prejuízo em torno de 200 mil euros. Agora, a produção vira notícia de novo – não porque divulgaram um trailer ou uma data de estreia, e sim porque vem irritando os franceses.
A popularidade de Lupin levou a um aumento acentuado de visitantes no Le Clos Arsène Lupin, museu na cidadezinha litorânea de Étretat dedicado às aventuras do ladrão de casaca e à vida de seu criador, Maurice Leblanc (que era proprietário do imóvel).
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Você talvez não se lembre, mas Étretat foi o cenário do último episódio da 1ª temporada e do primeiro episódio da 2ª leva. Raoul (Etan Simon), filho de Assane Diop e Claire (Ludivine Sagnier), é sequestrado nesse local, que fica na Normandia, à beira do Canal do Mancha.
Para se ter uma dimensão do quão pequeno é, Étretat tinha 1.243 habitantes em 2019, segundo o INSEE (Institut national de la statistique et des études économiques). E antes era conhecido apenas por sua praia de cascalhos e suas construções rochosas em forma de trombas de elefante.
Atualmente, com o efeito Netflix, o museu dedicado a Arsène Lupin registrou um “aumento de 300% em seus negócios e um número de visitas multiplicado por 10, apesar de ter ficado fechado por sete meses [durante a pandemia]”, conta a diretora, Marylise Alix, ao jornal Le Point.
Reprodução/Normandy Tourism
Reprodução/Normandy Tourism
Além dos franceses, visitantes alemães, italianos, espanhóis e holandeses são contados regularmente. Mas esse entusiasmo não deixa os moradores de Étretat tão felizes quanto se imagina – a começar pela própria diretora. Ainda ao Le Point, ela critica a influência da produção Netflix: “Temos a impressão de que virou o museu de Omar Sy quando não temos nada a ver com isso.”
O prefeito da cidade, André Baillard, também comentou a febre despertada por Lupin. “Gostaríamos de um turismo racional, mas não conseguimos regular, nunca vivemos isso”, diz ele. “Ficaríamos bem com mais de 5 mil pessoas, mas muitas vezes ultrapassamos 6 mil ou 7 mil”, acrescenta.
O mais curioso é que o fluxo de visitantes transformou tanto a rotina local que uma espécie de evasão está acontecendo. “Perdemos 400 moradores nos últimos 20 anos”, lamenta o prefeito.
Reprodução/Netflix
No fim da 2ª temporada, Assane se despede do filho e da ex-esposa, alegando que “causa problemas demais” e que, por isso, precisa se afastar da família. Assim, a primeira pergunta que surge é: onde, no mundo, está Assane? Na cena final, ele diz ainda que Claire e Raoul não o verão, mas que ele os estará observando. Com isso, pode-se imaginar que ele não tenha ido tão longe assim.
Nas partes 1 e 2 da série, a grande motivação de Assane para o roubo do colar no Louvre e a espionagem era a vingança pela injustiça cometida por Hubert (Hervé Pierre) contra seu pai, incriminado pelo sumiço da joia que pertencia ao clã Pellegrini. Mas o protagonista prometeu para a família que sua vida dupla acabaria quando a missão estivesse cumprida.
Quais são as chances de isso ser verdade? Novos planos e disfarces mirabolantes certamente vêm aí – principalmente considerando-se que são dezenas de livros e contos protagonizados por Arsène Lupin. Ainda há muito material a ser explorado pela Netflix.
