Apesar de ter deixado um gosto amargo por causa de seu final decepcionante, Game of Thrones foi um marco para as produções televisivas e se tornou verdadeiro um fênomeno cultural – onde pessoas até mesmo se reuniam em bares para assistir os episódios em telões na reta final da série. Com isso, A Casa do Dragão (House of the Dragon) chega à HBO e HBO Max com um expectativa alta por ser o primeiro spin-off de GoT e nós do AdoroCinema contamos quais são nossas primeiras impressões da série.
A Casa do Dragão se passa 200 anos antes dos eventos vistos em Game of Thrones.
Na história, acompanhamos a conquista de terras em Westeros, conhecida como a Dança dos Dragões. Nela, acompanhamos a guerra civil que acontece enquanto os meio-irmãos Aegon II (Tom Glynn-Carney) e Rhaenyra (Emma D’Arcy) almejam o trono após a morte do pai Viserys I (Paddy Considine). Rhaenyra é a filha mais velha, mas Aegon é o filho homem de um segundo casamento, o que acaba gerando uma crescente tensão entre os Targaryen sobre quem tem o verdadeiro direito ao trono.
O autor George R. R. Martin criou um rico e extenso universo de fantasia em Westeros ao longo de seus livros, não somente nas “Crônicas de Gelo e Fogo” que serviram de base para a adaptação em Game of Thrones, mas também em “Fogo & Sangue”, que conta a história completa da Casa Targaryen e serve de base para os eventos de A Casa do Dragão.
Por mais que tenhamos conhecido muito bem Westeros ao longo das oito temporadas de Game of Thrones, dois séculos fazem muita diferença na história de um universo e isso fica claro logo na abertura de A Casa do Dragão, que mostra toda a imponência dos dragões voando para demarcar o poderio dos Targaryen em seu auge, comandando os Sete Reinos – em contraste brutal com a série original onde quase não existem Targaryens vivos e os dragões tinham desaparecido, só voltando depois com Daenerys (Emilia Clarke).
Conflitos políticos sempre foram uma das marcas registradas de Game of Thrones, e A Casa do Dragão é, acima de tudo, sobre isso. Se pegamos os Targaryen no auge de seu poder, a série logo começa a preparar lentamente o começo do fim de seu reinado e o caminho para a crise de sucessão pelo Trono de Ferro que vai se instalar e culminar na famosa guerra civil dos livros, conhecida como a “Dança dos Dragões”.
Com uma queima lenta, a produção vai plantando as sementes da discórdia a partir da questão de sucessão do Rei Viserys I quando ele escolhe sua filha mais velha, Rhaenyra, como herdeira do Trono de Ferro, quebrando a tradição de sucessão masculina. Isso é o que fortemente se destaca nesses primeiro passos da série. Levando em conta que o foco está nas ações políticas internas e, obviamente, seus desdobramentos, é fundamental essa cautela do showrunner Ryan J. Condal no desenvolvimento dos personagens e seus conflitos de interesses – dando o peso adequado para cada ação e consequência, progressivamente mais explosivas.
Isso não significa que não tenham cenas de vioência (e muito sangue) e de sexo, pois elas estão presentes em A Casa do Dragão e em primeiro momento relacionadas ao personagem violento e sádico Daemon Targaryen (Matt Smith) – irmão mais novo de Viserys. Por sinal, o design de produção continua um deslumbre, como é de costume em produções da HBO, e os efeitos especiais estão ainda mais aprimorados, com destaque para o “realismo” impressionante de todos os dragões na série. É importante ressaltar que o orçamento da primeira temporada da série spin-off é maior do que o início de GoT.
No final das contas, o começo de A Casa do Dragão é bastante promissor, levando em conta que a série constrói um narrativa instigante e desenvolve bem a relação entre seus personagens, semelhante ao que acompanhamos em Game of Thrones – mas com uma história que se sustenta por conta própria.