Já faz alguns anos que parecia que os grandes estúdios norte-americanos haviam preenchido a cota de filmes animados, ou pelo menos recebiam toda a atenção. Por isso, é tão refrescante quando volta com uma autobiografia como ou o espanhol recebe todo o carinho internacional que merece.
E o mesmo acontece com, uma pequena produção com origem na Letônia que já levou para casa o Globo de Ouro. Com o prêmio em mãos, já se perfila como uma forte aposta para o , sem dúvida um dos filmes animados mais bonitos dos últimos anos, e que estreia no Brasil no próximo dia 30 de janeiro.
O gato, na água
Flow (Straume) é uma co-produção entre Letônia, Bélgica e França que segue um pequeno gato preto que sobrevive como pode. O problema é que o mundo, aparentemente, sofreu algum tipo de cataclismo ou desastre e agora está inundado, com o nível da água subindo cada vez mais.
Os humanos desapareceram e deixaram para trás suas casas e posses… E os animais vagam livremente. Assim começa Flow, com nosso gatinho evitando se aproximar demais da água e dos outros animais que encontra, agarrando-se à vida que conhece. Mas quando a água continua engolindo tudo em seu caminho, sua única esperança de sobreviver é subir em um barco no qual acaba compartilhando espaço com outros animais de outras espécies.
Flow é toda uma odisseia, que na verdade te mantém em suspense o tempo todo. Porque, sejamos sinceros, desde o primeiro trecho te fez pensar “se algo acontecer com este gato, eu estrangulo o diretor e toda a sua família” (moderadamente, claro).
Apesar de ser um filme relativamente tranquilo e contemplativo, mostrando diferentes paisagens durante nossa travessia e focando quase no dia a dia de nossa arca de Noé improvisada, não se contém em seus momentos de intriga e tensão. Nos quais até o maior problema são as ideias preconcebidas que nós, humanos, podemos ter, em vez de deixar que os animais se comportem como animais e ter um pouquinho de fé neles.
Porque Flow lida muito bem com todo esse desconhecimento do que aconteceu, por quê, onde estão os humanos, o que acontecerá quando tudo continuar inundando? Esses bichos vão tentar se comer entre si? E apesar de quão bonita é a jornada, é uma aventura cheia de mistério que te faz desejar saber o que vai acontecer a seguir e não fica entediante em nenhum momento, mesmo quando o ritmo diminui ligeiramente.
Sairemos melhores desta
É uma jornada preciosa, apesar das dificuldades que nosso gato e os companheiros que encontra pelo caminho enfrentam. Que sem necessidade de nenhum diálogo mostra perfeitamente a solidariedade e a cooperação, e como se pode mudar para melhor.
Flow não tem diálogos, e em seu lugar os animais se comunicam entre bufos, grunhidos e roncos. E nem precisa. Todo o grupo protagonista encarna perfeitamente diferentes arquétipos de filmes de sobrevivência, e é incrível ver como aprendem a conviver e se apoiar entre eles, apesar de quão diferentes são. Flow é uma jornada emocional sobre amizade e mil temas que já vimos antes, mas consegue dar seu próprio toque satisfatório a uma fórmula muito usada.
Sem dúvida é uma dessas histórias que só funcionariam em animação, e e sua equipe tiram o máximo proveito do meio. A animação dos personagens é uma preciosidade, principalmente na hora de extrair a personalidade de cada um, mas os cenários não ficam para trás. Entre um realismo conhecido e paisagens quase oníricas, todo o mundo de Flow está envolto em uma aura de mistério adicional que continua deixando mais perguntas do que respostas. E a verdade é que também não é necessário descobri-las.
Deve-se lembrar que Flow é um filme europeu independente, com um orçamento de apenas 3,5 milhões de euros. Então não esperemos um acabamento hiper-realista com texturas que mostram até o último poro como nas produções da Disney e DreamWorks. Se viermos esperando algo desse nível, sairemos desapontados, mas o certo é que a história de Flow também não busca nem precisa disso.
Embora a animação e o acabamento chegue até onde consegue chegar, e em certos momentos possa lembrar o de um videogame de alguns anos atrás, Flow ainda é lindo de se ver. Aproveita ao máximo seu modesto orçamento com um design muito cuidadoso, personagens encantadores e uma história com muito coração. Um filme imperdível, e não apenas para fãs de animação.
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Fonte: adorocinema