Com mais de 60 romances escritos e centenas de milhões de cópias vendidas em todo o mundo, Stephen King conquistou seu status de “mestre do terror”. Ao longo das décadas, foram feitas mais de 300 adaptações de suas diferentes histórias e, como você pode imaginar, o famoso autor não esteve envolvido em todas elas e nem todas foram do seu agrado.
Uma das adaptações mais famosas de um romance de Stephen King já feita na história é, na verdade, uma memória ruim para o escritor. Estamos nos referindo a nada mais e nada menos que o mítico O Iluminado, dirigido por Stanley Kubrick e estrelado por Jack Nicholson em 1980, considerado até hoje um dos melhores filmes de terror de todos os tempos.
Ele nunca escondeu e, inclusive, falou sobre isso em profundidade há 15 anos, em uma entrevista para a revista The Paris Review, especificamente a edição 189, publicada no outono de 2006.
Após confirmar ao entrevistador que a história de O Iluminado surgiu após uma estadia pessoal com sua esposa no já famoso Stanley Hotel, o autor respondeu enfaticamente quando questionado sobre o que achava da adaptação que Stanley Kubrick tinha feito de seu trabalho: “Muito frio”, começou sem hesitação.
“Não parecia que havia nenhum investimento emocional na família da parte dele. Eu senti que o tratamento de Shelley Duvall como Wendy é basicamente uma máquina de gritar. Não há nenhum senso de envolvimento dela na dinâmica familiar”, disse, afirmando estar chateado com a forma como a personagem foi retratada no filme.
Além disso, ele também não gostou do trabalho do cineasta com o personagem Jack Nicholson: “Kubrick parecia não ter ideia de que Jack Nicholson estava interpretando o mesmo psicopata motoqueiro que ele já havia interpretado em todos aqueles filmes de motoqueiros que fez.”
Talvez, a percepção equivocada de Stephen King sobre O Iluminado tenha algo a ver com o fato de que, apesar de ter estado muito envolvido no processo criativo de outras adaptações de suas obras, ele não estava no filme de Kubrick.
Meu roteiro para O Iluminado se tornou a base para a minissérie de TV mais tarde. Mas, duvido que Kubrick tenha lido isso antes de fazer seu filme. Ele sabia o que queria fazer com a história e contratou a romancista Diane Johnson para redigir o roteiro com base no que ele queria enfatizar. Então ele mesmo refez. Fiquei realmente decepcionado.
De qualquer forma, embora suas memórias não sejam boas, King sabe que o resultado final do filme é digno de admiração e que assim ficou na história: “Eu costumava chamar de Cadillac sem motor. Não se pode fazer nada com ele, exceto admirá-lo como escultura. Você tirou seu objetivo principal, que é contar uma história.”
Por fim, criticou a maneira que o cineasta concluiu o longa-metragem: “A diferença básica que lhe diz tudo o que você precisa saber é o final. Perto do final do romance, Jack Torrance diz ao filho que o ama e depois explode o hotel. É um clímax muito apaixonado. No filme de Kubrick, ele congela até a morte.”
Fonte: adorocinema.com