O Festival do Rio começou na última quinta-feira (6), de volta ao Cine Odeon, na Cinelândia, Rio de Janeiro. A abertura contou com a participação de diversos atores que estão presentes nas mais de 70 produções brasileiras que compõem as mostras. Entre elas, está Regra 34, um longa-metragem ousado que levanta discussões sobre liberdade feminina e negritude.
O filme é estrelado Sol Miranda, Lucas Andrade, Lorena Comparato e Isabela Mariotto, com roteiro e direção de Júlia Murat. A trama é centrada em Simone, uma estudante de direito penal que pretende se tornar defensora pública. À noite, ela faz performances sexuais na internet e descobre desejos os quais nunca tinha se deparado antes.
O AdoroCinema esteve na abertura do Festival do Rio e entrevistou o co-roteirista de Regra 34, Gabriel Bortolini, e o elenco do filme. Lorena Comparato contou a história do filme e afirmou que é uma trama que vai levantar debates importantes. “Até que ponto esses desejos têm, ou não, que ser moldados pela sociedade? É um filme ousado, gera muita discussão.”
Sol Miranda, que interpreta a protagonista Simone, enfatizou a importância de pautar e defender os direitos das mulheres — foco profissional de sua personagem. “É uma dívida histórica que a gente tem na sociedade de maneira geral com as mulheres. Se a gente for falar dos lares de brasileiros, de cada dez, seis são chefiados por mulheres. Dessas seis, a maioria são mulheres negras. A gente tem uma dívida com as mulheres que fazem esse país acontecer.”
Regra 34 vem trazendo uma pauta muito feminina a partir desse lugar, da importância da mulher ter liberdade nas suas escolhas. Algo que, nesse conservadorismo que a gente lida na sociedade, precisa muito também ser falado e ser reivindicado. Porque nós temos o direito ao desejo, o direito à liberdade.
O filme é protagonizado por três mulheres e, segundo Sol Miranda, vai além da superfície e aborda questões sobre raça — que contaram com forte colaboração do roteirista Bortolini para o desenvolvimento do tema.
“São duas pautas muito presentes nessa construção. Três mulheres atuam como núcleo protagonista. E estamos aqui agora, três pessoas negras representando esse filme. Gabriel, que foi uma pessoa super importante para a nossa construção, para o entendimento da importância das pessoas negras nesse processo. É uma construção efetiva pelos nossos direitos, porque é um país diverso e essa diversidade precisa estar na tela também.”