Entre perspectivas positivas e outras um tanto pessimistas, é comum encontrar filmes que tentam especular sobre o futuro na história do cinema. Um destes projetos premonitórios é No Mundo de 2020, longa dirigido por Richard Fleischer, cineasta responsável por Conan, o Destruidor, Guerreiros de Fogo e 20000 Léguas Submarinas.
Curiosamente, a trama tenta mostrar como seria 2022, ano em que este texto é redigido. Nesta distopia, a face da Terra está bem modificada.
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Em Nova York há 40 milhões de habitantes e o efeito estufa aumentou muito a temperatura, deixando o calor ficar quase insuportável. No entanto, os ricos vivem em condomínios de luxo, onde belas mulheres são parte da mobília. Mas a comida está escassa para todos, tanto que um vidro de geleia de morango custa 150 dólares.
Neste contexto é assassinado um milionário, William R. Simonson (Joseph Cotten), que quando viu que seria morto não esboçou gesto nenhum para se defender. O detetive Robert Thorn (Charlton Heston) é designado para investigar o caso e constata algo realmente estarrecedor.
Erros e acertos
Infelizmente, a maioria das coisas que o filme acerta, mesmo de maneira ponderada, tem relação com questões problemáticas. O mundo imaginado por Harry Harrison, autor do romance em que o filme é inspirado, tem diversas semelhanças com o nosso planeta atual.
A começar pela comida, um dos grandes temas da narrativa. No longa, a comida já começa a apresentar sintomas fortes de escassez, assim como a água, e as populações mais pobres vivem em condições miseráveis, mergulhados na insegurança alimentar. Não é preciso ir muito longe para ver estes traços na nossa sociedade.
Naturalmente com o fim da produção alimentícia, o que existe disponível é levado a valores estratosféricos. Esse aspecto também é visto no filme, uma conversa direta com a pobreza e com a concentração de capital. A história destaca que apenas 1% da população tem condições de levar uma vida boa, algo muito similar ao que se vive hoje – tomando as devidas proporções.
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No Mundo de 2020 as mudanças climáticas são absurdas, de tal forma que a temperatura mínima circula próxima dos 32 graus. Apesar de não vivermos neste extremo, atualmente as estações do ano não se manifestam da mesma maneira como no passado, além do clima mostrar recordes recorrentes de frio, calor ou excesso de chuva em períodos aleatórios.
O desmatamento segue desenfreado, a emissão de gases poluentes tem aumentado e o uso de materiais prejudiciais ao meio ambiente não tem sido regulado da maneira correta. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, a humanidade tem apenas três anos para evitar uma catástrofe climática.
Um aspecto em que o filme escorrega em comparação com o verdadeiro ano de 2022 é a participação das mulheres na sociedade. O longa projeta uma relação violenta e misógina com a maioria das personagens femininas. Apesar das lutas pela equidade de gênero ainda não estarem no mundo ideal, a representatividade das mulheres em diversas esferas e o avanço dos debates sociais se distinguem do que é apresentado na película.
Mesmo que No Mundo de 2020, a humanidade viva alguns absurdos e extremos, que podemos ainda não ter atingido, a análise do cineasta e do autor do livro que deu origem ao longa é certeira ao entender como o homem tem afetado o seu entorno. Resta saber se outro longa poderá prever possibilidades mais otimistas para os próximos 50 anos.
O longa está disponível para aluguel no Prime Video.