E se o mundo da pintura e o da animação se encontrassem? O artista espanhol Carlos Gromo se fez essa pergunta e, para respondê-la, iniciou em 2019 uma série de ilustrações que misturam grandes obras da história da arte com personagens da Disney, na esperança de deixá-las mais atraentes para leigos.
Já imaginou os protagonistas de A Bela e a Fera estampados em “O Beijo”, de Gustav Klimt? Ou então Aurora transformada em “Ofélia”, de John Everett Millais? Pois bem, o que torna cada uma dessas releituras tão encantadoras é a forma como combinam os temas dos quadros com as histórias produzidas pela Casa do Mickey.
Compare a seguir:
Em Robin Hood, após se aventurar ao lado de João Pequeno na floresta de Sherwood, desafiando constantemente o xerife de Nottingham, o protagonista encontra sua felicidade ao lado de Lady Marian. Esse amor é selado com um beijo no estilo do pintor italiano Francesco Hayez.
Em A Bela e a Fera, o príncipe transformado em monstro e isolado em seu enorme castelo deve aprender que a aparência não é tudo. A convivência diária com a jovem Bela o ajudará a entender isso. Em uma das cenas finais, pouco antes de a Fera recuperar sua forma humana, os amantes se fundem em um abraço, reinterpretado aqui como se fosse a icônica pintura do austríaco Gustav Klimt.
Aurora, personagem principal de A Bela Adormecida, é condenada por Malévola a viver em um sono eterno. Por sua vez, a Ofélia de Shakespeare, em Hamlet, sofre um terrível acidente que a leva à morte. Na imagem acima, Gromo reimagina a princesa da Disney a partir do quadro do inglês John Everett Millais.
O francês Pierre Auguste Cot também retrata Ofélia, o interesse amoroso de Hamlet, como uma figura trágica. Ela nos olha enquanto folheia um livro – um gesto que fez com que Gromo se lembrasse imediatamente de Bela, apaixonada pela literatura. Aliás, a roupa de Ofélia é muito parecida com a da jovem que sonha em conhecer o mundo além de seu vilarejo.
O americano Grant Wood apresenta dois fazendeiros bastante sérios do lado de fora de sua casa, construída em estilo do século 19 conhecido como “carpinteiro gótico”. Aqui vemos o casal representado como Roger e Anita, os humanos que cuidam de Pongo, Perdita e seus filhotes em 101 Dálmatas.
Uma das influências de Cot foi o romance francês “Paulo e Virgínia”, de Bernardin de Saint-Pierre, no qual os protagonistas adolescentes correm para se abrigar de uma tempestade, usando a saia da heroína como um guarda-chuva improvisado. Na mente de Gromo, a dupla poderia perfeitamente ser Peter Pan e Wendy, em uma de suas incontáveis aventuras na Terra do Nunca.
A pintura do inglês John William Waterhouse retrata uma sereia empoleirada sobre uma pedra. Com uma lira nos braços, ela observa um marinheiro na água, que parece devolver o olhar em um misto de espanto e atração. Evidentemente, por causa do tema, não há melhor filme da Disney do que A Pequena Sereia para combinar com a tela.