Novela é, junto com o futebol, uma das paixões nacionais no Brasil. O produto consumido por homens e mulheres de todas as idades trouxe frutos valiosos para a carreira de centenas de atores, mas também rendeu alguns momentos desagradáveis: entre eles, a agressão nas ruas, motivada pela ação de seus personagens.
Essas situações foram causadas por espectadores que cruzaram a linha entre a realidade e a ficção, confundindo os atores com os personagens cruéis que viveram nas telinhas. Para ficar por dentro do assunto, o AdoroCinema preparou uma lista com os casos mais bizarros de agressão contra atores de novelas.
Jackson Antunes viveu Léo em A Favorita. O personagem era um homem que agredia verbal e fisicamente a esposa Catarina, vivida por Lília Cabral, e a filha Mariana, estrelada por Clarice Falcão. Durante a exibição da novela, ele foi agredido no Rio de Janeiro, quando um homem o empurrou.
Na época, ele estava fazendo um tratamento na perna esquerda e o ataque piorou o quadro, fazendo com que ele desenvolvesse uma trombose, com a necessidade de usar cadeira de rodas posteriormente. Em entrevista ao UOL em 2020, ele afirmou que se sentia culpado por suas cenas violentas:
“Toda vez que terminava uma cena eu pedia desculpas para a Lilia. Era muito difícil. Mesmo na ficção, mesmo inventado, faz mal. Não tinha uma cena que dava um refresco, todas eram pesadas: aquele homem horrível humilhando a mulher. Psicologicamente ou fisicamente.”
Este é um dos casos mais conhecidos de agressão contra atores. Regiane Alves interpretou Dóris em Mulheres Apaixonadas e ficou marcada no imaginário dos espectadores como a jovem mimada que maltratava os avós. A atriz relatou inúmeras situações desagradáveis na rua, comumente realizadas por mulheres mais velhas: agressões físicas com tapa, jornal e o que estivesse ao alcance — até mesmo cachorros rottweillers.
Apesar disso, a atriz se orgulha da repercussão negativa de sua personagem, pois foi essencial para que leis de proteção a idosos fossem criadas: “Fui até para Brasília falar sobre isso, e o Estatuto do Idoso foi criado naquela época. Extrapolou o entretenimento”, afirmou a atriz em entrevista à coluna da Patrícia Kogut.
Antes mesmo de ser a odiável Alma em Laços de Família, Marieta Severo estreou na televisão em 1966 com a personagem Éden de Bassora em O Sheik de Agadir, uma serial killer que trouxe para a TV brasileira o primeiro “quem matou?”, antes mesmo de Odete Roitman.
Ela interpretou a princesa árabe que tinha o apelido de “rato” e foi agredida com uma pedra. Segundo ela, as pessoas não conseguiam distinguir a vida real da ficção naquela época. Em entrevista ao podcast “Novela das 9”, do Gshow, a atriz relatou:
“Uma vez, em Copacabana, me jogaram pedra. Havia uma mistura do personagem com o ator, o público ainda não distinguia. Então eles olhavam e falavam: ‘Olha lá, é o Rato!’. Não me machucou, bateu na minha perna… era uma pedrinha ridícula, mas muito significativa.”
E, já que mencionamos Laços de Família, é impossível não lembrar de Deborah Secco. Na novela, ela interpretou Íris, a irmã mais nova de Helena (Vera Fischer) que odiava Camila (Carolina Dieckmann) e zombava da jovem enquanto ela enfrentava uma grave leucemia. Sua personagem foi muito odiada e isso fez com que a atriz fosse agredida em um supermercado na vida real.
Se vocês achavam que as agressões só aconteceram até a primeira década dos anos 2000, estão errados! Um dos casos mais memoráveis foi em 2017, por causa da novela A Força do Querer. Emílio Dantas interpretou Rubinho, um bandido manipulador e adúltero que forçava sua esposa Bibi (Juliana Paes) a cometer crimes junto com ele. Em entrevista ao TV Fama, o ator disse que era agredido o tempo todo.
“Vou te falar que está muito bacana essa repercussão, apesar que está gerando muito ódio! Toda vez que saio na rua tomo um tapa. Tenho levado uns tapas no ombro, apanhado de umas senhorinhas e levado uns puxões de orelha por conta do personagem.”