A missão Solar Orbiter (também chamada pela sigla descolada Solo), uma parceria da Agência Espacial Europeia com a Nasa, foi lançada em fevereiro de 2020.
Desde então, o satélite vem se aproximando do Sol para enxergar nossa estrela de pertinho, coletar dados e tirar fotos espetaculares. Agora, já podemos conferir algumas dessas imagens, que alcançam uma definição inédita nos estudos da estrela.
O Solo é um laboratório voador complexo e caro, com dez instrumentos diferentes e custo total de US$ 1,5 bilhão (em reais, sai pela bagatela de R$ 8,6 bilhões). O plano para o robô, que tem velocidade máxima de 245 mil km/h, é chegar a uma distância de 42 milhões de quilômetros do Sol e então passar a orbitá-lo.
Pode parecer muito distante, mas é menos de um terço da distância entre a Terra e a estrela, e o suficiente para deixar para trás as órbitas de Vênus e Mercúrio. Se ele chegasse muito mais perto do que isso, estaria lascado: mesmo a essa distância, o satélite vai passar bastante calor, com temperaturas chegando aos 600 ºC.
As imagens, divulgadas no dia 20 de novembro e tiradas no dia 22 de março de 2023, apresentam a fotosfera solar – a camada que emite a luz que vemos – em detalhes. As fotos foram tiradas quando a sonda estava a 74 milhões de km do Sol, então ainda vamos ter fotos mais de pertinho no futuro.
Veja as fotos
As fotos foram tiradas usando dois instrumentos do satélite: o Extreme Ultraviolet Imager (EUI, ou “imageador ultravioleta extremo” em português) e o Polarimetric and Helioseismic Imager (PHI, que em português seria algo como “imageador polarimétrico e heliosísmico”).
Junto da Parker Solar Probe – aeronave da Nasa que será o objeto humano a chegar mais perto do Sol – a missão SOLO ajudará os astrônomos a desvendar mistérios sobre a estrela.
Por exemplo: por que a coroa solar, região mais externa da atmosfera do Sol, chega a temperaturas de milhões de graus Celsius, bem mais quente que a superfície? Como exatamente o vento solar se forma e atinge centenas de quilômetros por segundo?
As imagens (cada uma formada por um mosaico de 25 fotos diferentes) mostram facetas diferentes do Sol. Essa aqui, por exemplo, é um mapa do campo magnético solar. Ele é mais forte nas áreas de manchas solares, que são esses pontos mais escuros – alguns chegam a ser maiores que a Terra –, mais frios e menos luminosos do que seus arredores.
Já essa aqui é uma imagem do Sol em luz ultravioleta, mostrando a coroa solar. As linhas que aparecem são os campos magnéticos fortes das manchas solares, escapando e também liberando plasma, o quarto estado da matéria que compõe o Sol.
Esse gás (majoritariamente hidrogênio e hélio) ionizado, com os elétrons e prótons livres e agitados, é o que chega aqui na Terra na forma de vento solar e serve de gatilho para as auroras.
O satélite também conseguiu um mapa que mostra a velocidade e a direção do material na superfície do Sol. Azul significa que está na direção da espaçonave da Solar Orbiter, enquanto vermelho significa que o material está indo na direção oposta. Há uma certa confusão quando os campos magnéticos são fortes demais, na região das manchas solares.
Por fim, essa é a superfície visível do Sol, a fotosfera. Também dá para enxergar as manchas solares aqui. A aparência granulada, como se fosse foto de câmera analógica, acontece por causa do comportamento do plasma, que cobre a superfície solar em células de cerca de mil quilômetros.
O processo que agita o plasma se chama convecção: o gás mais frio se move para baixo, e o mais quente passa para cima.
Fonte: abril