Quando você coloca duas lixeiras autônomas em uma praça de Manhattan, Nova York, muita coisa pode acontecer. Uma criança vai acenar para os robôs, examinando-os com curiosidade, enquanto alguém vai achar a cena assustadora e mostrar o dedo do meio para as câmeras de 360 graus acopladas nos baldes.
Mas a maioria das pessoas vai colaborar alegremente com os robôs, entregando-os lixo e, às vezes, tratando-os como se fossem cachorros – dizendo “bom garoto!” quando um deles vai para a direção correta.
É o que descobriu um experimento de pesquisadores da Cornell University (Estados Unidos). Eles construíram duas lixeiras com rodinhas – uma para lixo reciclável, outra para não reciclável – que podiam ser controladas remotamente com um joystick. Então, levaram-nas até a praça para investigar como as pessoas reagiriam aos robôs aparentemente autônomos.
Por que controlar robôs secretamente? Esse tipo de pesquisa, conhecida como experimento do Mágico de Oz, é útil para o desenvolvimento de um protótipo porque fornece aos cientistas uma amostra das situações que o robô encontra ao interagir com humanos – e dá pistas sobre como deve ser construído o robô autônomo.
As câmeras acopladas nas lixeiras não só permitiam que os pesquisadores pilotassem as lixeiras remotamente, mas também forneceram as filmagens para a investigação posterior. A primeira conclusão da equipe foi de que os robôs chamaram atenção significativa e promoveram interações (humano-humano e humanos-lixeiras) no espaço público.
Os nova-iorquinos que aparecem nas filmagens tendiam a presumir que os robôs eram amigos e gostariam de receber lixo. Quando a lixeira se aproximou de uma mulher sentada na mesa da praça, ela afirmou: “Eu acho que ele sabe que estou há bastante tempo aqui. Eu deveria dar-lhe alguma coisa.” Então, esvazia e descarta seu copo.
As pessoas também costumavam ajudar os robôs, tirando cadeiras de seu caminho; chamá-los para descartar copos plásticos e outros objetos; agradecê-los e parabenizá-los pelo “bom trabalho”. Confira abaixo:
A equipe já havia implantado um robô-lixeira no campus da Stanford University (EUA), e as reações das pessoas foram igualmente positivas. O último trabalho, publicado em março, continuou as pesquisas anteriores, repetindo o experimento em um centro urbano, com mais de um robô.
Agora, a equipe quer investigar outras partes de Nova York. “Todo mundo tem certeza de que seu bairro se comportaria de maneira muito diferente [em relação aos robôs-lixeira]”, disse Wendy Ju, que liderou o estudo, em comunicado. “Então, a próxima coisa que esperamos fazer é um estudo em cinco distritos.”
Com tantos experimentos, a expectativa é que, em breve, robôs autônomos incentivem o descarte correto de lixo na cidade americana.
Fonte: abril