Não existe um limite oficial, acordado pela comunidade científica. O consenso entre geólogos, geógrafos e afins é que a Groenlândia é a maior ilha do planeta – e que a Austrália, com área quatro vezes maior, é o menor dos continentes.
Como há um abismo de tamanho entre os dois, e nenhuma outra massa de terra apresenta dimensões intermediárias, essa fronteira funciona na prática.
Uma das coisas que caracterizam um continente é que ele esteja apoiado em sua própria placa tectônica. A Austrália está, enquanto a Groenlândia é só um apêndice da américa do Norte, que não realizou o sonho da placa própria.
Outra característica definidora é a biodiversidade: os australianos têm um leque único de fauna e flora, que evolui isolado do resto do mundo. Já a Groenlândia apresenta muitas espécies idênticas às que habitam o norte do Canadá – uma evidência de que essas duas massas de terra estão atreladas.
Por fim, há uma fronteira antropológica. Os indígenas inuítes que habitam originalmente as regiões frias da América do Norte também estão na Groenlândia, enquanto os aborígenes australianos são um conjunto de grupos étnicos único daquela região do mundo.
Esses critérios dão uma boa noção do que é necessário para ser continente, mas é claro que nada disso está escrito na pedra.
A Europa, por exemplo, é considerada separada da Ásia por razões antropológicas e históricas, embora elas dividam uma mesma placa tectônica e não haja uma barreira clara entre as espécies que habitam cada lado dos Montes Urais (a cordilheira russa que costuma ser considerada a fronteira entre os dois).
E veja só: a humilde Nova Zelândia – composta de duas ilhas que, somadas, são só um pouco maiores que o estado do Tocantins –, tem seu próprio continente, pelo menos de acordo com alguns critérios.
A maior parte dele está submerso, mas trata-se de um pedaço de placa tectônica que claramente é mais espesso que as profundezas oceânicas ao redor, e que não é uma mera continuidade da plataforma continental australiana.
Ah, se a Groenlândia descobrisse.
Pergunta de @jukagoulart, via Instagram.
Fonte: abril