📝RESUMO DA MATÉRIA

  • As doenças transmitidas por mosquitos afetam cerca de 80% da população mundial, resultando em mais de 700.000 mortes anuais. Nos EUA, 12 espécies de mosquitos podem transmitir doenças como o vírus do Nilo Ocidental, a dengue e a encefalite equina do leste.
  • As fêmeas dos mosquitos injetam saliva contendo patógenos ao picar, mas levam de duas a três semanas para que esses patógenos se tornem infecciosos, o que reforça a necessidade de métodos preventivos constantes.
  • Óleos essenciais de plantas, como Lantana camara e Schinus terebinthifolia, oferecem propriedades repelentes excepcionais contra mosquitos, com eficácia semelhante à do DEET, mas sem seus efeitos adversos.
  • Os óleos de Citrus macroptera e Homalomena aromatica trazem de cinco a seis horas de proteção contra os mosquitos Aedes aegypti, um efeito atribuído a compostos como linalol e limoneno.
  • A adoção de medidas de controle ambiental, como eliminar água parada, cultivar plantas que afastam mosquitos e atrair predadores naturais, como morcegos, dificulta a proliferação dos mosquitos em sua propriedade.

🩺Por Dr. Mercola

As doenças transmitidas por mosquitos representam um risco grave à saúde pública, impactando quase 80% da população global. Esses insetos minúsculos propagam vírus e parasitas que provocam enfermidades como dengue, febre amarela, chikungunya e malária.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as doenças transmitidas por vetores representam mais de 17% de todas as enfermidades infecciosas, resultando em mais de 700.000 mortes todos os anos. A situação piorou nos últimos anos devido à rápida urbanização e ao crescimento populacional, evidenciando a importância de adotar estratégias naturais de proteção.

O perigo dos mosquitos escondidos no seu quintal

Só nos EUA, existem mais de 200 tipos de mosquitos, sendo que cerca de 12 espécies são capazes de espalhar doenças que podem afetar sua saúde. Apesar da maioria dos mosquitos causar apenas desconforto, é importante compreender as ameaças que alguns podem representar. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA alertam que não há como identificar um mosquito infectado apenas pela aparência, o que torna a proteção total contra as picadas indispensável.

As espécies mais comuns de mosquitos transmissores de doenças nos EUA são Aedes, Culex e Anopheles. Embora pareçam inofensivos, esses insetos podem disseminar diversos vírus e parasitas, transformando seu quintal em um local de risco para a saúde.

Não é apenas uma questão de conforto, mas de proteger a sua saúde e a das pessoas que você ama. Ao compreender os riscos, você se torna mais preparado para adotar medidas preventivas que protejam você e sua família dessas ameaças silenciosas.

Vírus do Nilo Ocidental e outras doenças transmitidas por mosquitos

Dentre as doenças transmitidas por mosquitos no território continental dos EUA, o vírus do Nilo Ocidental é uma das mais comuns. Transmitido principalmente por mosquitos do gênero Culex, esse vírus tornou-se uma ameaça constante nos EUA. O que faz do Nilo Ocidental uma preocupação é sua capacidade de causar complicações neurológicas graves em alguns casos.

Vírus como o da dengue, chikungunya e Zika também já desencadearam surtos em diversos estados e territórios dos EUA, incluindo a Flórida, Havaí, Texas, Porto Rico, Ilhas Virgens Americanas e Samoa Americana. Essas doenças, transmitidas sobretudo por mosquitos Aedes, podem causar sintomas que variam de febre baixa a dores fortes nas articulações.

Embora menos comum do que outras doenças transmitidas por mosquitos, a encefalite equina do leste merece sua atenção devido à sua gravidade. Esse vírus raro, porém letal, que costuma ser transmitido pelos mosquitos Culiseta melanura, causa uma inflamação no cérebro que pode ser fatal.

O processo traiçoeiro da transmissão de doenças pelos mosquitos

Compreender o modo como os mosquitos transmitem doenças pode ajudar você a perceber a importância da prevenção. Isso não se resume a um mosquito picar uma pessoa infectada e, em seguida, transmitir a doença de forma instantânea. O processo é mais complexo e sorrateiro. Quando a fêmea do mosquito se alimenta do sangue de um hospedeiro contaminado, ela ingere o patógeno, seja ele vírus ou parasita.

Mas este é o ponto central: o germe precisa sobreviver e se reproduzir no organismo do mosquito. Esse processo, conhecido como período de incubação extrínseca, costuma durar de duas a três semanas. Nesse intervalo, o patógeno migra do aparelho digestivo do mosquito até suas glândulas salivares. Só então, quando o mosquito realiza uma nova picada, ele pode transmitir a doença através da saliva.

Esse atraso explica por que as ações de controle costumam focar na eliminação dos mosquitos adultos que conseguiram chegar na fase infecciosa. Também é por isso que sua vigilância na prevenção de picadas deve ser constante, já que não é possível saber quais mosquitos cumpriram esse período de incubação.

As fêmeas dos mosquitos buscam sangue humano com o objetivo específico de se reproduzirem. As proteínas e nutrientes no seu sangue são fundamentais para que elas produzam ovos. Esses pequenos vampiros são equipados com uma ferramenta especializada, a probóscide, que funciona como uma agulha hipodérmica ultrafina. Ao pousar na sua pele, a fêmea utiliza essa estrutura para perfurar e encontrar um capilar sanguíneo.

Depois que ela acessa o suprimento de sangue, ela não apenas tira, mas dá algo em troca, e isso está longe de ser uma troca justa. O mosquito injeta sua saliva, que contém anticoagulantes para manter o sangue fluindo sem interrupções. Entretanto, essa mesma saliva serve como veículo de transmissão de doenças, introduzindo patógenos na corrente sanguínea. Enquanto ela se alimenta, o sangue ingerido enche seu abdômen, onde é digerido e aproveitado na formação dos ovos.

A defesa natural: óleos de plantas que mantêm os mosquitos afastados

Métodos consistentes e naturais de prevenção contra mosquitos são sua melhor defesa contra esses invasores transmissores de doenças. Um estudo publicado na revista Molecules demonstrou que certos óleos essenciais vegetais podem repelir mosquitos de maneira eficaz, servindo como uma alternativa natural aos produtos sintéticos.

Os pesquisadores examinaram óleos de cinco plantas aromáticas: Lantana camara, Schinus terebinthifolia, Callistemon viminalis, Helichrysum odoratissimum e Hyptis suaveolens. Eles foram testados contra três espécies de mosquitos conhecidas por espalhar doenças como dengue, malária e o vírus do Nilo Ocidental.

E quais deles se destacaram? Os óleos de Lantana camara e Schinus terebinthifolia (pimenta-rosa) apresentaram propriedades repelentes excepcionais, comparáveis às do DEET, um repelente sintético tóxico.

O interessante é que diferentes espécies de mosquitos responderam de maneiras distintas aos óleos. O Culex quinquefasciatus (portador do vírus do Nilo Ocidental) foi o mais suscetível aos repelentes, seguido pelo Aedes aegypti (vetor da dengue), enquanto o Anopheles gambiae (vetor da malária) demonstrou maior resistência.

A ciência por trás do aroma

Você pode estar se perguntando o que torna esses óleos extraídos de plantas tão eficazes contra mosquitos. O segredo está na sua complexa composição química. Por exemplo, o óleo de Lantana camara, que apresentou a maior repelência, contém uma mistura de compostos, incluindo trans-β-cariofileno, sabineno e 1,8-cineol. Esses componentes trabalham juntos para criar um poderoso repelente de mosquitos.

O óleo de Schinus terebinthifolia, também muito eficaz, possui uma mistura de α-pineno, limoneno e α-felandreno. Pode ser que essas substâncias naturais interfiram nos receptores sensoriais dos mosquitos, dificultando sua busca por alvos humanos. O que é interessante de fato é a longevidade do efeito repelente. Em alguns casos, os óleos forneceram proteção por até 180 minutos em concentrações mais altas.

Esse período prolongado de proteção compete com o de diversos repelentes do mercado, indicando o quanto essas alternativas naturais são práticas para o dia a dia. Além disso, o estudo descobriu que esses óleos não apenas repelem mosquitos adultos, mas também impedem que as fêmeas ponham ovos em fontes de água tratada, interrompendo o ciclo de vida do mosquito em diversos pontos.

Embora o estudo tenha usado óleos essenciais puros, é importante observar que eles devem ser diluídos de forma adequada antes da aplicação na pele. Você pode procurar produtos repelentes naturais que incorporem esses óleos ou consultar um aromaterapeuta qualificado para criar uma mistura segura e eficaz.

Além do uso pessoal, essas descobertas abrem possibilidades interessantes para estratégias mais amplas de controle, como armadilhas para mosquitos infundidas com esses repelentes naturais ou espaços públicos protegidos pelo aroma sutil dessas plantas.

Mais óleos essenciais tradicionais que atuam como repelentes de mosquitos

Outro estudo descobriu o potencial de duas plantas, Citrus macroptera (também conhecida como Hatkora) e Homalomena aromatica (conhecida como Anchiri), como repelentes eficazes contra mosquitos.

Essas plantas têm sido usadas tradicionalmente pelos habitantes do estado de Mizoram, na Índia, e agora a ciência está apoiando esse conhecimento ancestral. Os óleos essenciais extraídos da casca do fruto de C. macroptera e os rizomas de H. aromatica mostraram resultados promissores no combate ao mosquito Aedes aegypti.

O estudo revelou que o óleo de H. aromatica proporcionou proteção por até 6,16 horas, enquanto o óleo de C. macroptera durou 5,16 horas. Em comparação, o DEET, um repelente bastante comum, oferece cerca de 8 horas de proteção.

Quando esses dois óleos foram combinados na proporção de 1:1, eles forneceram proteção por 6,33 horas. Esta mistura natural não só repele mosquitos de forma eficaz, mas também traz benefícios adicionais, graças ao limoneno, que possui propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e neuroprotetoras.

Os principais componentes encontrados em ambos os óleos são linalol, limoneno, terpinen-4-ol e α-terpineol. Ao interagirem com as proteínas de ligação de odores dos mosquitos, esses compostos desorientam o sistema sensorial dos insetos, dificultando que eles localizem você como uma possível refeição. Os pesquisadores conduziram estudos de acoplamento molecular para entender melhor essa interação.

Eles descobriram que o linalol, presente em grandes quantidades no óleo de H. aromatica, apresentou a maior energia de ligação contra as proteínas de ligação de odores do mosquito. Isso explica por que o óleo de H. aromatica expressou uma ação repelente mais duradoura. Embora o limoneno tenha a menor energia de ligação, sua presença na mistura dos óleos proporciona um aroma agradável e benefícios adicionais à saúde, tornando essa mistura mais convidativa para uso regular.

O poder do controle ambiental

Uma das maneiras mais eficazes de se proteger das doenças transmitidas por mosquitos é por meio do controle ambiental. Essa abordagem se concentra na eliminação de criadouros de mosquitos e na criação de um ambiente inóspito para essas pragas. Comece removendo a água parada ao redor da sua propriedade, pois é onde os mosquitos depositam seus ovos.

Esvazie e limpe com frequência bebedouros de pássaros, tigelas de água para pets e recipientes que possam acumular água da chuva. Certifique-se de que suas calhas estejam limpas e com drenagem adequada para evitar acúmulo de água. Cuide do seu gramado e jardim mantendo a grama curta e removendo o excesso de vegetação onde os mosquitos possam ficar. Considere cultivar plantas repelentes de mosquitos, como capim-citronela, calêndulas ou lavanda próximas às áreas de convivência externa.

Esses repelentes naturais ajudam a criar uma zona livre de mosquitos sem o uso de repelentes químicos. Você também pode instalar ou consertar telas em janelas e portas para manter os mosquitos fora da sua casa.

Opte por roupas claras, de mangas longas e calças mais largas ao ficar ao ar livre, sobretudo ao amanhecer e anoitecer, quando os mosquitos estão mais ativos. Essas escolhas simples de roupas diminuem bastante a área de pele exposta aos mosquitos.

Você também pode atrair predadores naturais desses insetos no seu quintal. Os morcegos são predadores vorazes de mosquitos, capazes de devorar até 1.000 mosquitos em apenas uma hora. Instale abrigos para morcegos no seu quintal para fornecer um lar a esses seres protetores. Assim, além de reduzir a população de mosquitos, você contribui para a preservação da fauna local.

Vale lembrar que muitos repelentes convencionais possuem DEET, um produto químico sobre o qual eu já alertava há muito tempo devido aos seus potenciais efeitos neurotóxicos. Em vez disso, experimente alternativas naturais como citronela, óleo de eucalipto-limão ou óleo de nim. Esses repelentes à base de plantas são muito eficazes quando usados de maneira correta. Ao adotar esses métodos naturais, você protege a si mesmo e ainda auxilia na redução geral da população de mosquitos em sua comunidade.