Você sabia que 2% das crianças com peso normal, 5% das crianças com sobrepeso e 15% das crianças com obesidade provavelmente são hipertensas? Na maioria desses casos, o culpado tem nome e sobrenome: segundo um estudo publicado no European Heart Journal por especialistas da Sociedade Europeia de Cardiologia, em 9 de cada 10 casos de pressão alta em crianças e adolescentes o problema está relacionado à alta adesão a dietas ricas em sal e açúcar e ao excesso de peso.
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A pesquisa, que foi divulgada em julho com dados de crianças e jovens entre 6 e 16 anos, surgiu da necessidade de uma revisão da literatura disponível e das evidências atuais para buscar a formação de um consenso sobre o assunto, já que o diagnóstico da hipertensão arterial nessa faixa de idade é complexo. Até pouco tempo atrás, fatores de risco cardiovascular na infância não eram muito valorizados pelos profissionais de saúde, de modo que, quando era comum que a pessoa começasse algum tratamento só adulta, com alguma comorbidade já instalada. As informações são da Agência Einstein.
“Esse conceito foi mudando totalmente com o passar dos anos. A gente sabe que toda e qualquer doença cardíaca no adulto começa na faixa etária pediátrica: hipercolesterolemia, hipertensão, obesidade”, alerta Gustavo Foronda, cardiologista pediátrico do Hospital Israelita Albert Einstein. “Existe uma tabela para determinar os níveis pressóricos adequados para cada momento da vida. Idealmente, o clínico ou o pediatra devem medir a pressão da criança nas consultas de rotina. A gente sabe que isso não é uma prática regular, mas cada vez mais eles estão se conscientizando dessa necessidade”.
A importância do diagnóstico precoce
De acordo com os especialistas, o diagnóstico precoce da pressão alta em crianças é fundamental para que ela possa ser controlada apenas com mudança no estilo de vida, sem a necessidade do uso de medicamentos. São os hábitos do cotidiano, aliás, que têm impactado na difusão de problemas de hipertensão e obesidade no público infantil.
“Hoje qualquer criança ou adolescente vai na cantina da escola e compra o que quer. Isso obviamente permite que eles escolham uma alimentação mais palatável, que é o fast food. Nitidamente temos uma piora alimentar muito grande nos últimos anos e, por isso, os níveis de obesidade estão explodindo e, consequentemente, os níveis de pressão arterial também”, explica o cardiologista.
Novos hábitos col
Só que esse processo não envolve apenas a criança, mas toda a
família. Muitas vezes, a pressão alta e a obesidade coexistem no mesmo núcleo
familiar. “Não adianta a gente querer mudar os hábitos de uma criança
isoladamente. Em geral, quando você tem uma criança sedentária, obesa ou
hipertensa, normalmente isso é um reflexo da família. Se não tratar a família
como um todo, a chance de a criança aderir às mudanças é muito baixa”, diz
Foronda.
Os pesquisadores reforçam a importância da realização de ao menos uma hora de atividade física moderada a intensa por dia (como andar de bicicleta, fazer natação ou correr) e não passar mais de duras horas em atividades sedentárias (como assistir TV, jogar videogame ou ficar no tablete e celular). Além de, claro, ter uma alimentação balanceada, recorrendo abundantemente a vegetais frescos, frutas e fibras, reduzindo o sal e evitando o consumo de açúcar, bebidas açucaradas e gordura saturada.
“A hipertensão é uma doença silenciosa que não causa nenhum malefício aparente. É preciso mudar o estilo de vida de toda uma família para o tratamento. Isso leva tempo e muitas vezes não temos uma resposta rápida”, finaliza o cardiologista.
Fonte: semprefamilia.com.br