Cada descoberta é uma descoberta, então é complicado falar em um único “como”. Um critério possível é a semelhança entre os genomas: quanto mais parecida é a sequência de letrinhas de DNA de dois animais, maior o grau de parentesco deles na árvore da vida.
A diferença entre genomas também é uma medida do tempo que se passou desde que a linhagem se bifurcou: se há muitas letrinhas diferentes, é porque houve mais tempo para mutações se acumularem.
Usando esse método, chamado relógio molecular, pode-se demonstrar que o último animal que foi “avô” tanto de hipopótamos como baleias viveu há 53 milhões de anos. Depois, cada grupo de animais seguiu seu próprio caminho evolutivo.
Também existem, é claro, os fósseis dos antepassados dos animais atuais. No Paquistão, há ossadas do mamífero Pakicetus, que é uma das baleias mais antigas: viveu no Eoceno, entre 55 e 40 milhões de anos atrás.
Se parecia uma baleia? Nem um pouco. Trata-se de um quadrúpede com o tamanho de um cachorro, que vivia no litoral e nadava apenas para pescar seu alimento. Ao longo de milhões de anos, por seleção natural, o corpo dos descendentes Pakicetus se tornou cada vez mais hidrodinâmico, até adquirir a forma cilíndrica e as nadadeiras das baleias. Houve uma pressão evolutiva para torná-lo um anfíbio cada vez mais eficaz na pesca.
“Mas Oráculo, como os paleontólogos sabem que o Pakicetus pertence à linhagem das baleias se ele parecia um cachorro?” Graças a detalhes como uma estrutura óssea chamada bula timpânica, que só existe nas baleias, e que o Pakicetus já tinha. Há muitas características anatômicas típicas de um ou outro grupo que não são óbvias vendo o animal no zoológico, mas que permitem determinar sua posição na árvore da vida – do número de dedos aos orifícios no crânio.
Fonte: abril