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Ciência & Saúde

Origem das Orelhas: Estudos Revelam de Onde Vieram Esse Órgão Fascinante

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Você já se perguntou por que nossas orelhas são do jeito que são? Dois estudos recentes trazem respostas sobre a evolução e morfologia dessa estrutura curiosa.

As orelhas são parecidas entre os mamíferos. Para começo de conversa, todas elas são externas – isto é, estão do lado de fora do nosso corpo. Você pode fazer carinho atrás da orelha de um cachorro, ver elefantes usando suas orelhas para se abanarem em dias de calor, e morcegos utilizando-as como antenas para se localizar.

Um artigo, publicado na revista Science, mostra que as orelhas possivelmente contêm um novo tipo de cartilagem. Outro, na Nature, sugere que os circuitos genéticos responsáveis por sua formação podem ter origem comum com as brânquias dos peixes.

No princípio de tudo

O primeiro ser vivo que saiu da água, chamado Tiktaalik roseae, era um peixe com patas. Dele surgiram todos os vertebrados com patas que respiram oxigênio, como os humanos. Mas entre um peixe e um humano há muita história – e muita semelhança. Durante o desenvolvimento embrionário, a cartilagem das brânquias de peixes e a cartilagem da orelha dos mamíferos se originam das mesmas células.

Aí entra a pesquisa publicada na Nature pela equipe de J. Gage Crump, da Universidade do Sul da Califórnia, que analisou células de peixes-zebra e camundongos. As sequências de DNA referentes à cartilagem das orelhas dos roedores ativam genes nas brânquias dos peixes, e vice-versa.

O trabalho em laboratório foi interessante: quando a sequência de DNA que ativa os genes das orelhas foi inserida nos peixinhos, as guelras deles entravam em ação. Quando um dos ativadores de genes usados pelos peixes-zebra foi colocado em embriões de camundongos, estimulou genes nas orelhas dos roedores. Isso indica que mamíferos e peixes usam os mesmos circuitos genéticos para formar suas orelhas. 

A bióloga evolucionista Abigail Tucker, da King’s College London, que não estava envolvida com a pesquisa, disse para a Science que “os mamíferos não criaram uma orelha totalmente nova”. O que aconteceu foi um tipo de upgrade. “Os modelos estão aí, herdados dos seus antepassados”, completa.

Agora que parece que descobrimos como tudo começou, resta a pergunta: do que são feitas as orelhas dos mamíferos?

Essa resposta não dá para tirar de um peixinho, já que a protuberância não existe neles. Mas dá para seguir a pesquisa em camundongos – e claro, em humanos.

A receita de uma orelha

O estudo publicado na Science investigou quais são os ingredientes necessários para formar uma orelha. O resultado pode mudar o que se sabe hoje sobre a anatomia desse órgão.

Ao estudar o tecido das orelhas de camundongos, Maksim Plikus e sua equipe descobriram um tipo inédito de cartilagem rica em lipídios. Essa cartilagem, diferente da convencional, é mais flexível e contém células cheias de lipídios que se assemelham a “plástico bolha”. A crença atual é que existe pouca gordura nas orelhas.

A equipe encontrou esse material também em outras partes do corpo de mamíferos, além de estarem presentes nas orelhas de humanos, morcegos e gambás. No entanto, está ausente em animais como anfíbios, répteis e aves, que não possuem orelhas externas.

Quando testaram a cartilagem em laboratório, descobriram que ela é mais flexível que a comum (encontrada no joelho, por exemplo), e mais rígida e durável que a gordura. Ao remover os lipídios dessa nova cartilagem, ela se tornou mais resistente, como a comum, indicando que os lipídios são responsáveis pelas propriedades especiais. 

A descoberta leva a introdução de um quarto tipo de cartilagem, além dos três já conhecidos. De acordo com Plikus, as microestruturas do material e a presença delas nas orelhas pode ser uma das grandes responsáveis pela ótima audição dos mamíferos.

Essa descoberta também pode ajudar na criação de tecidos substitutos para partes lesionadas ou desgastadas do corpo.

Fonte: abril

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