Se sentir desconfortável com o corpo ao ponto de não suportar pequenos “defeitos” em si mesma, evitar interações sociais e ficar obcecada com detalhes da própria imagem podem ser alertas para um problema bem maior: a dismorfia corporal. Quer se informar mais sobre o assunto? Então, confira todas as explicações profissionais a seguir:
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O que é dismorfia corporal?
Também conhecida como Transtorno Dismórfico Corporal (TDC), a dismorfia corporal é um transtorno que pode acarretar diversos problemas na vida de quem convive e precisa lidar com ele. De acordo com a psicóloga Lilian Vasconcelos Félix (CRP 04/32367), o TDC “é caracterizado por uma percepção distorcida em relação à imagem corporal e uma preocupação com um defeito imaginário na aparência ou ainda, uma inquietação exagerada em relação a imperfeições corporais identificadas, que se manifesta com comportamentos repetitivos, obsessivos ou evitativos”.
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Nesse transtorno, a pessoa não reconhece o seu defeito como mínimo ou inexistente, levando-a a comportamentos como isolamento social (evita eventos ou situações onde considera que seria exposta) e tentativas de camuflagem (com maquiagem, roupas, gestos etc). Outros comportamentos bem característicos do TDC são: ficar se comparando com outras pessoas, examinar o “defeito” constantemente no espelho ou evitá-lo, realizar cirurgias plásticas e tratamentos estéticos, entre outros.
Atualmente, esse transtorno é classificado como manifestação do chamado espectro do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), devido à presença de pensamentos e comportamentos compulsivos. “Quando uma pessoa se torna muito incomodada, angustiada, preocupada e passa a ter prejuízos por seus defeitos imaginários ou por uma pequena anomalia física, um diagnóstico de TDC pode ser considerado”, afirma a psicóloga.
Causas da dismorfia corporal
Quando associado ao TOC, a dismorfia corporal pode estar relacionada a quadros ansiosos e depressivos, dessa forma, pode ser uma comorbidade de um transtorno de humor. “Por isso é necessária uma investigação bem realizada, por um profissional competente que possa orientar as melhores condutas, bem como realizar um diagnóstico diferencial para outros transtornos como, por exemplo, bulimia e anorexia nervosa”, ressalta Lilian.
Ainda de acordo com a profissional, “os estudos e a prática clínica sugerem, ainda, a necessidade de se investigar a história de desenvolvimento e surgimento dos sintomas para se compreender a influência de aprendizagens anteriores e experiências que reforçaram esse padrão de comportamento tornando-os repetitivos”.
Em outras palavras: as aprendizagens ao longo do desenvolvimento, crenças que formamos, cobranças sociais, entre outros, influenciam para o desenvolvimento do transtorno, além da predisposição e susceptibilidade de cada indivíduo, considerando fatores genéticos para desenvolvimento de transtornos mentais.
Sintomas de dismorfia corporal
Para se realizar o diagnóstico de TDC, de acordo com a psicóloga Lilian, quatro critérios, devem, necessariamente, estar presentes:
- Preocupação excessiva em relação a algum “defeito” do corpo: O indivíduo se preocupa com um defeito na aparência física (que não são observáveis ou aparentam ser mínimas para os outros) e, se uma mínima anomalia está presente, tem preocupação excessiva com ela.
- Comportamentos repetitivos: Durante o curso da doença, o indivíduo realiza comportamentos repetitivos (por exemplo, verificações no espelho, escoriação neurótica e pedir opinião de amigos e familiares sobre o defeito) ou atos mentais (por exemplo, comparando a sua aparência com a dos outros) em resposta para os problemas de aparência.
- Estresse e/ou prejuízo na vida social: A preocupação excessiva leva a um estresse significativo ou prejuízo na vida social, ocupacional ou outras áreas da vida da pessoa.
- Não são queixas caracterizadas como outros transtornos: Essas queixas não podem ser caracterizadas como outro transtorno mental, tais como a anorexia nervosa.
De uma maneira mais simples, podemos destacar: baixa autoestima, preocupação excessiva com determinadas partes do corpo, estar sempre olhando no espelho para verificar a aparência ou evitar completamente o espelho. O transtorno é mais comum em mulheres jovens, mas também pode acometer homens! Então, fique atenta: se você notar esses sintomas em conjunto, procure a ajude de um profissional. Ele é a melhor pessoa para te orientar!
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Como tratar a dismorfia corporal
Ok, mas e como funciona o tratamento para dismorfia corporal? Existe tratamento? A resposta é sim! Ele pode ajudar – e muito – na sua qualidade de vida. De acordo com a psicóloga “a abordagem mais indicada para esse transtorno é a Terapia Cognitivo-Comportamental com técnicas de EPR e, em alguns casos, uma associação medicamentosa para um melhor resultado”.
“Sobre ter cura, em relação ao TDC é o mesmo que dizemos para nossos pacientes do TOC: depende! Depende do que você entende como cura. Se ficar curada para você significa viver livre das obsessões, retomar o controle da sua vida, com os sintomas estabilizados e não mais impedindo seu funcionamento global, dizemos que sim, tem cura. Mas se sua expectativa é nunca mais ter os sintomas, a resposta é não. O portador de TDC deverá sempre manter os cuidados e colocar em prática tudo o que aprendeu na terapia evitando que os sintomas ressurjam em momentos de maior ansiedade, estresse ou de mudanças importantes em sua vida.”, enfatiza Lilian.
Cuidar de de si mesma é o maior ato de amor que uma mulher pode exercer! Não existe – e não tenha vergonha – em procurar ajuda de um profissional. Continue aprendendo mais sobre outro transtorno que, quando não acompanhado e tratado, pode causar vários problemas na sua vida, o TOC.