O aumento das temperaturas do planeta altera a nossa vida em vários aspectos: o gelo dos polos derrete, o nível dos mares sobe e as bolas em jogos de beisebol vão mais longe.
Um grupo de pesquisadores analisou 100 mil jogos da Major League Baseball (MLB), a liga americana do esporte, e mais de 200 mil bolas rebatidas para chegar à conclusão de que o aquecimento global está tornando os home runs mais frequentes.
No beisebol, o objetivo é (como em todo esporte) marcar mais pontos do que o seu adversário. Pontos são conquistados quando um jogador consegue correr por todas as três bases e voltar para o início sem ser interceptado pelo time adversário. O rebatedor de um time só pode correr se ele acertar a bola e ela ficar dentro do campo de jogo – se ela for para fora, é uma falta.
Um home run é marcado quando o rebatedor rebate a bola tão longe, mas tão longe, que ela sai da área do campo e geralmente vai parar na arquibancada. Se ele fizer isso, mantendo a bola fora da área de falta, ele pode cruzar todas as bases e marcar um ponto de graça para seu time.
O momento é o mais emocionante de uma partida. É como ver um gol de fora da área: pode ser feito, mas é bem difícil. Durante as últimas quatro décadas, o número de home runs marcados na MLB aumentou em 34%, e até alguns recordes foram quebrados. Isso estimulou pesquisadores a produzirem estudos, e analisarem quais fatores estariam contribuindo para esse aumento.
Na pesquisa, os cientistas usaram dados de mais de 100 mil jogos da MLB, entre 1962 e 2019, e 200 mil bolas rebatidas, somadas às temperaturas em dias de jogo, para mostrar que as temperaturas mais altas, de fato, aumentaram o número de home runs. Mais especificamente, um jogo 10 °C mais quente teria quase 20% mais home runs do que a média.
A explicação científica é relativamente simples: o ar quente é menos denso que o ar frio. Isso quer dizer que as moléculas do ar quente se movem mais rapidamente, deixando mais espaço entre elas. Como resultado, uma bola rebatida é capaz de voar mais longe, já que encontra menos resistência do ar.
Usando a vasta coletânea de dados sobre home runs e temperatura, os pesquisadores puderam estimar seu efeito, isolando estatisticamente o papel da temperatura. Além disso, com informações obtidas de câmeras de alta velocidade, que forneciam o ângulo e a velocidade de lançamento de cada batida, os pesquisadores puderam comparar uma bola saindo de um bastão praticamente no mesmo ângulo e velocidade em um dia quente e um dia frio.
Segundo o estudo, mais de 500 home runs desde 2010 podem estar diretamente ligados à redução da densidade do ar causada pelo aquecimento global. Comparados aos mais de 65 mil home runs que aconteceram no período, é pouco – apenas 0,8%. O aumento, obviamente, também acontece graças ao rebatedores, que tentam rebater a bola mais alto e com mais força.
Apesar desse aumento não ser tão expressivo agora, ele tende a aumentar conforme o aquecimento global continua a elevar a temperatura. Os pesquisadores falam de “várias centenas de home runs adicionais por ano”, e “milhares de home runs cumulativamente ao longo do século XXI”.
Para os fãs de beisebol, esse lado pode parecer empolgante, mas esse sinaliza um grande problema. Com o aumento das temperaturas, a saúde e a segurança de jogadores e torcedores em estádios fica comprometida – além, é claro, das milhares de pessoas ao redor do mundo que sofrem com consequências diretas do aquecimento global.
Fonte: abril