A nebulosa do Ovo de Dragão, conhecida oficialmente pelo código NGC 6164, é um desses cenários fotografados pela Nasa que dão um pôster, como você vê na imagem acima. Trata-se de um par de estrelas localizadas a 3,8 mil anos-luz da Terra que emitem doses cavalares de radição no comprimento de onda ultravioleta.
O UV funciona ilumina o gás ao redor com uma cor fantasmagórica, em um processo muito parecido com o que acontece com a luz negra em uma balada.
O nome ao melhor estilo Game of Thrones vem do fato de que essas estrelas se localizam pertinho de uma estrutura gasosa muito maior conhecida como Os Dragões Lutadores de Ara (veja uma foto aqui).
As estrelas são imensas: têm 29,9 e 26,6 vezes a massa do Sol. Na astronomia, tamanho é sinônimo de vida curta: quanto maiores esses astros, mais cedo eles esgotam seu combustível e mais espetacularmente eles morrem. O destino mais provável dessas gigantes é que elas se tornem buracos negros em apenas alguns milhões de anos – o que é pouco, na escala cósmica.
O maior mistério em torno do sistema NGC 6164 é que a estrela maior tem um campo magnético. Sóis desse porte geralmente não exibem essa propriedade, por razões que têm a ver com a maneira como o plasma (gás superaquecido até atingir um quarto estado da matéria) circula no interior delas.
Essa não é a única propriedade estranha dessa gigante. “Após um análise detalhada, nós pudemos determinar que a estrela maior parece 1,5 milhão de anos mais jovem que sua companheira, o que não faz nenhum sentido já que elas deveriam ter se formado ao mesmo tempo”, disse em comunicado à imprensa a astrônoma Abigail Frost, que trabalha no Observatório Europeu do Sul no Chile e liderou uma pesquisa sobre a nebulosa publicada esta semana no periódico especializado Science.
Frost e seus colegas descobriram que tanto o campo magnético como a diferença ilusória de idade têm a mesma origem violenta: originalmente, o sistema era um trio. As duas estrelas mais próximam colidiram e se fundiram, formando um estrelão maior. Os destroços da colisão, por sua vez, deram origem à nuvem de gás que flutua em volta do par e forma a nebulosa em si.
O campo magnético, portanto, é uma propriedade passageira: se formou por uma mudança na dinâmica interna da estrela após a colisão, mas deve se dissipar depois que ela se recuperar da pancada. “O magnetismo em estrelas tão grandes não costuma durar muito tempo em comparação com o tempo de vida delas, então parece que nós observamos esse evento logo após ele acontecer”, diz Frost.
Um lembrete da humildade da vida humana em relação à existência dos astros: uma nebulosa que, da nossa perspectiva, sempre esteve no céu, na verdade é a consequência passageira de uma colisão. E, um dia, vai desaparecer. Ainda bem que tiramos uma foto.
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Fonte: abril