O mioma uterino acomete muitas mulheres, desencadeando preocupações e incômodos, como dor pélvica. A médica Salua Oliveira Calil de Paula, doutora em ginecologia oncológica e coordenadora do programa de cirurgia robótica da rede Mater Dei, explicou o assunto, citando as causas, tipos, sintomas e diagnósticos. Acompanhe na matéria!
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O que é mioma?
Segundo a ginecologista, o mioma é um tumor benigno, formado por tecido muscular, que se desenvolve na musculatura do útero. “Sem dúvidas, é o tumor ginecológico benigno mais comum”, entretanto ele não se transforma em câncer.
Muitas vezes, no ultrassom, o tumor parece um mioma, quando, na verdade, pode ser cancerígeno. Isso gera confusão e preocupação. Apesar de não aumentar o risco de câncer, ele deve ser avaliado para não gerar outras complicações.
Causas do mioma
De acordo com a especialista, “o mioma comumente ocorre em idade reprodutiva, especialmente na pré-menopausa”. Esse tumor benigno pode surgir e crescer em virtude dos hormônios femininos e, normalmente, reduz de tamanho após a menopausa. Além disso, “pode se desenvolver devido aos fatores genéticos e até raciais”.
O mioma atinge aproximadamente 50% das mulheres, principalmente negras, com histórico familiar, sem filhos e durante o período reprodutivo. Por isso, é fundamental ir ao ginecologista frequentemente, bem como realizar exames de rotina.
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Tipos de miomas
Os miomas se desenvolvem em três locais da parede uterina e são classificados conforme a localização no miométrio. Abaixo, veja mais detalhes:
- Submucoso: “esse tipo de mioma pode ter uma projeção para a cavidade interna uterina”. Nesse caso, normalmente, causa dores, sangramentos anormais e, até mesmo, pode impactar na fertilidade e dificultar a gravidez.
- Intramural: “localiza-se na parede do útero” e é o mais comum. Geralmente, é causado por alterações dos níveis hormonais, especialmente de estrogênio , e pode aumentar os riscos de aborto ou parto pré-maturo.
- Subseroso: aloja-se na parte externa do útero, ou seja, entre o miométrio e perimétrio. Em geral, esse tipo só apresenta sintomas quando o tumor é extremamente volumoso.
Como visto, os miomas podem se desenvolver em qualquer posição do útero e, dependendo da localização e tamanho, causam sintomas incômodos que necessitam de atenção e avaliação médica.
Miomas e fertilidade
A ginecologista explica que o mioma não é contraindicação para a gravidez, porém, como explicado, dependendo do local em que ele está alojado, pode dificultar o processo. “Quando apresenta componente submucoso (localizado dentro da cavidade uterina), impacta na fertilidade”. Sendo assim, “o tratamento é por meio cirúrgico, especialmente a histeroscopia”.
A histeroscopia é um exame ginecológico, que também funciona como procedimento cirúrgico para remover miomas e outros fragmentos maiores. A cirurgia é feita com anestesia geral ou raquianestesia para evitar dor e desconforto.
Sintomas e diagnóstico
Segundo a especialista, os sintomas dependem de vários aspectos, por exemplo, se o mioma estiver alojado na cavidade uterina, causa cólicas e sangramento. Além disso, “miomas muito volumosos podem comprimir estruturas adjacentes e causar dor pelo processo de degeneração”.
Alguns miomas causam menstruação irregular, volume e inchaço abdominal, sensação de peso na pelve, aumento da micção, dor pélvica e dispareunia.
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Diagnóstico
A médica diz que os exames de imagens são o melhor método para identificar o mioma. “O ultrassom com doppler é um exame padrão ouro e oferece o melhor custo-benefício. Mas também podemos utilizar a ressonância magnética, tomografia e histerossalpingografia (HSG)”.
Realizar os exames orientados pelo profissional, especialmente o ultrassom transvaginal com doppler, além de identificar a localização do tumor benigno, dimensões e gravidade, são procedimentos importantes para descartar outras patologias e orientar no tratamento adequado.
Tratamento para o mioma
O tratamento é individualizado e, segunda a médica, o mioma só é tratado quando a paciente tem alguma demanda clínica, ou seja, depende do tipo e do tamanho do tumor. Normalmente, miomas submucosos causam sangramentos, “então, sem dúvidas, tratamos com histeroscopia”.
A profissional ainda informa que existem outras formas de tratar miomas muito volumosos, que apresentam sintomas compressivos. O procedimento pode ser feito “via laparoscópica, robótica ou laparotômica, um corte abdominal”.
O tratamento cirúrgico depende da vontade da paciente, pois, algumas mulheres não desejam operar. Para esses casos, “existem medicações que mimetizam uma menopausa e regridem o tamanho. Além disso, é possível “considerar a embolização dos miomas”, que ajuda a reduzir o tecido miomatoso.
Como visto, na maioria das vezes, o mioma é assintomático e não representa riscos, mas é fundamental que a mulher realize exames ginecológicos periodicamente. Assim, é possível detectar doenças graves, como o câncer de colo de útero e iniciar o tratamento necessário!
Fonte: dicasdemulher