Do tamanho de um coelho, o potoro de Gilbert é um marsupial que anda que nem um canguru e habita o sudoeste da Austrália. Atualmente existem menos de 50 indivíduos adultos no mundo, o que faz com que a espécie seja considerada criticamente ameaçada de extinção.
Agora, uma câmera em uma ilha remota no sudoeste da Austrália conseguiu captar imagens de dois potoros de Gilbert saudáveis. Um deles até tinha filhotes em sua bolsa. O achado entusiasmou cientistas e conservacionistas, já que a recuperação da espécie tem sido custosa.
Os animais foram capturados, avaliados e receberam um microchip que permitirá que os cientistas os acompanhem. O processo é inofensivo e importante para o monitoramento e a conservação da espécie.
“Agora temos 13 armadilhas fotográficas que nos dirão como os potoros estão espalhados pela ilha de 1080 hectares [10,8 quilômetros quadrados]”, disse, em comunicado, a especialista em ecologia do Departamento de Biodiversidade, Conservação e Atrações do governo do estado australiano de Western Australia, Sarah Comer.
A espécie foi descrita pela primeira vez em 1840, quando o naturalista inglês John Gilbert explorava o território australiano que, 100 anos antes, havia se tornado colônia britânica. Segundo registros de Gilbert, o animal era comum por lá, e era possível caçar vários de uma vez.
Os potoros de Gilbert foram um dos maiores exemplos de dizimação pós colonização britânica na Austrália. Os animais pararam de ser avistados antes do fim do século 19, e foram considerados extintos depois de cem anos desaparecidos.
Entretanto, em 1994 uma pesquisadora encontrou acidentalmente um casal de potoros na armadilha inofensiva que usava para estudar outra espécie de marsupiais na Reserva Natural Two Peoples Bay, na Austrália continental.
Depois disso, a conservação dos potoros de Gilbert se tornou prioridade para o governo australiano. Até tentaram reproduzi-los em cativeiro, mas o processo não foi bem-sucedido.
Em 2015, estimou-se que 20 potoros de Gilbert viviam na Reserva Natural Two Peoples Bay. No mesmo ano, um incêndio devastou a reserva e matou 15 deles, além de ter destruído cerca de 90% do habitat da espécie.
Na época, o pesquisador do Departamento de Parques e Vida Selvagem australiano, Tony Friend, disse em entrevista ao site ABC News que os esforços contínuos de reabilitação salvaram os animais de serem extintos em um único incêndio.
“Foi bastante devastador, mas estávamos pensando que um incêndio aconteceria em algum momento. Esse sempre foi o maior risco para a população”, disse Friend. “Tivemos muita sorte de o incêndio não ter ocorrido há dez anos, porque aí sim teria sido o fim.”
Depois do incêndio, os animais restantes foram transportados para outros habitats, e a ilha em que os potoros foram avistados foi escolhida por ser segura, sem outros predadores agressivos.
“Essa última descoberta de animais não registrados anteriormente mostra que os potoros translocados persistem e se reproduzem, a partir de três fundadores e três novos indivíduos registrados em 2016”, disse Comer.
Fonte: abril