O jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira foram assassinados em junho do ano passado enquanto desciam um rio no Vale do Javari, perto da fronteira do Brasil com o Peru. Phillips estava trabalhando em um livro sobre desenvolvimento sustentável na Amazônia, e os homens que foram presos pelo crime eram envolvidos com a pesca ilegal.
Em homenagem a esses dois defensores do meio ambiente e da causa indígena, cientistas no Brasil deram seus nomes a espécies recém-descobertas de leveduras fermentadoras.
O artigo que revelou as duas leveduras aponta que elas foram obtidas a partir de madeira podre coletada em dois locais diferentes da Floresta Amazônica, no estado do Pará. Agora levam os nomes científicos de Spathaspora brunopereirae sp nov e Spathaspora domphillipsii sp nov.
Segundo Carlos Augusto Rosa, um dos autores do artigo, ambas são capazes de converter d-xilose (um açúcar composto por cinco átomos de carbono ligados) em etanol e xilitol. Este último é uma espécie de adoçante natural, que pode ser usado por diabéticos ou para outras aplicações biotecnológicas.
O trabalho foi escrito por 11 microbiologistas de três universidades nos estados de Minas Gerais, Tocantins e Western Ontario, no Canadá.
Rosa disse que entre 30% e 50% de todos os novos microrganismos de levedura encontrados nas regiões brasileiras onde ele e seus colegas trabalham são novos para a ciência, de modo que ainda há muito a descobrir diante dessa diversidade.
“Daí a importância também do esforço de Bruno e Dom para preservar o bioma da região”, afirmou o pesquisador. Batizar a espécie com o nome deles “reconhece, valoriza e homenageia a dupla por seu trabalho em defesa do meio ambiente”, acrescentou.
Fonte: abril