📝RESUMO DA MATÉRIA
- Vídeos curtos (como TikTok e YouTube Shorts) estão se tornando cada vez mais populares, mas pesquisas mostram que eles afetam de forma negativa a qualidade do sono dos adolescentes e aumentam a ansiedade social.
- Pesquisas indicam que os estudantes compensam as restrições de uso do celular durante o horário escolar assistindo a vídeos curtos em excesso antes de dormir, comprometendo seus padrões de sono.
- A ansiedade social entre adolescentes piora devido ao vício em vídeos curtos, pois isso cria um ciclo de evitação e maior dependência de conteúdo digital para conexão social.
- O uso de smartphones expõe os adolescentes a campos eletromagnéticos (CEMs) prejudiciais, que desregulam a energia celular e afetam a saúde, incluindo a função reprodutiva na vida adulta.
- A desintoxicação digital eficaz inclui a criação de zonas livres de celular, o incentivo a atividades alternativas, como esportes ou hobbies criativos, e a definição gradual de limites de uso realistas.
🩺Por Dr. Mercola
As empresas de mídia social estão encontrando maneiras de se destacar da concorrência o tempo todo. A última tendência, que parece que veio para ficar, são os vídeos curtos. Agora eles são encontrados em todas as plataformas populares, como YouTube Shorts, Facebook Reels e vídeos do TikTok. Um relatório da Forbes explica seu crescimento:
“Com períodos de atenção mais curtos do que nunca, o conteúdo que é rápido de engajar e fácil de digerir tem mais chances de capturar e reter o interesse do público. Vídeos curtos atendem a essa tendência ao entregar conteúdo em pedaços pequenos, facilitando o consumo, a diversão e o compartilhamento pelos usuários”.
Embora o conteúdo curto seja mais fácil de consumir e interagir, há uma desvantagem que ainda não foi totalmente explorada: seus efeitos na saúde mental dos adolescentes. Um grupo de pesquisadores quis entender seus efeitos, o que foi publicado na BMC Psychology.
Como vídeos curtos afetam a qualidade do sono entre adolescentes
O estudo, realizado na China, teve como objetivo descobrir como a dependência de vídeos curtos entre adolescentes afeta a qualidade do sono, bem como seus efeitos na ansiedade social. Para começar, os pesquisadores selecionaram 1.629 adolescentes de três escolas de ensino médio na província de Shandong entre junho e julho de 2023.
Os adolescentes receberam um questionário que utiliza uma versão revisada da Escala de Dependência de Mídias Sociais, originalmente elaborada por Jasna Milošević-Đorđević, Ph.D. As respostas foram classificadas da menor para a maior, com uma pontuação mais alta sugerindo um maior grau de dependência. O questionário também continha outros itens relacionados à ansiedade social e à qualidade do sono, que foram adaptados de escalas de testes anteriores.
Após a análise, os pesquisadores quantificaram a interação entre a qualidade do sono, a ansiedade social e o consumo de conteúdo de vídeo curto entre adolescentes. Em particular, eles observaram que, como os adolescentes muitas vezes são proibidos de usar celulares durante o horário escolar, eles compensam o tempo perdido assistindo a esses vídeos antes de ir para a cama, afetando assim a qualidade do sono.
Os pesquisadores também destacaram um efeito importante do uso de dispositivos à noite. A luz azul emitida pelas telas afeta a produção de melatonina, que é crucial para o sono:
“Os campos eletromagnéticos de radiofrequência gerados por dispositivos móveis eletrônicos também podem interromper o fluxo sanguíneo normal e as funções metabólicas no cérebro, afetando de forma negativa a qualidade do sono dos adolescentes”, eles afirmaram.
Conforme observado no meu artigo: “Cinco hábitos que prejudicam seu sono”, mexer no smartphone durante a hora de dormir acabará dificultando a sua capacidade de adormecer. Isso ocorre porque, quando seus olhos recebem luz, eles enviam um sinal ao núcleo supraquiasmático (NSQ) do cérebro, que é o grupo de células no hipotálamo responsável pelo controle do relógio biológico. Esses sinais desencadeiam uma série de eventos que afetam a temperatura corporal, o desejo de dormir e o apetite, aumentando o tempo necessário para adormecer.
O sono inadequado acaba afetando a mente e o corpo do adolescente. De acordo com a Oliver Drakeford Therapy, o sono inadequado leva a problemas como:
- Diminuição da função cognitiva: A privação de sono afeta de forma negativa a memória, a concentração e a capacidade de tomada de decisão de um adolescente. Com o tempo, ele terá dificuldades para acompanhar as aulas e tirará notas baixas.
- Problemas de saúde mental: Adolescentes têm um risco maior de transtornos de humor, como depressão e ansiedade, e isso afeta sua saúde mental devido aos problemas já existentes na adolescência.
- Problemas de saúde física: A falta de sono enfraquece o sistema imunológico e leva ao ganho de peso. Eles têm maior probabilidade de ficar doentes, aumentando o risco de enfrentar outros problemas de saúde à medida que envelhecem.
O efeito de vídeos curtos no estado mental de adolescentes
Os pesquisadores definiram a ansiedade social como “um fenômeno que os indivíduos vivenciam em várias situações, causado pelo medo de que suas palavras e ações possam ser avaliadas de maneira negativa por outros”. Com base nisso, o estudo teorizou sobre como assistir a vídeos curtos leva ao agravamento da saúde mental entre adolescentes. Segundo os pesquisadores:
“Adolescentes que dependem de vídeos curtos gastam bastante tempo assistindo a esses vídeos. A dificuldade resultante em concentrar a mente no aprendizado ou na comunicação interpessoal diária pode levar a contratempos, como diminuição do desempenho acadêmico e comunicação interpessoal prejudicada, contribuindo para o aumento da ansiedade social entre os adolescentes”.
Além de ser uma atividade que consome muito tempo e leva ao aumento do isolamento, o tipo de conteúdo consumido é significativo da mesma forma. Por exemplo, o conteúdo negativo, como aqueles com viés materialista, desencadeia comparação social ascendente.
Como resultado, isso faz com que os adolescentes desenvolvam emoções negativas, como depressão e inveja. Resumindo, esses vídeos mostram um mundo muito diferente daquele em que os adolescentes vivem agora, e a comparação está causando ansiedade social neles.
A dependência de assistir a vídeos curtos também prejudica suas habilidades sociais. De acordo com os pesquisadores, adolescentes que assistem a esses vídeos costumam ter problemas para manter suas relações sociais, preferindo assistir ao conteúdo online para atender às suas necessidades devido ao medo da “pressão decorrente de ambientes sociais desfavoráveis”. Mas o problema aqui é que isso cria um ciclo vicioso que leva a um maior consumo de vídeos de curta duração:
“Conforme sugerido pela teoria cognitivo-social, indivíduos com ansiedade social são propensos a avaliações negativas de seu ambiente e de outras pessoas. Aqueles com sistemas de apoio social mais precários tendem a ter tendências mais severas de evitação social, são menos capazes de se integrar ao grupo ou têm maior probabilidade de serem excluídos pelo grupo.
Assim, eles podem buscar conexões sociais e um sentimento de pertencimento assistindo a vídeos curtos, o que acaba levando à dependência”.
Smartphones expõem crianças a CEMs
Além de atrapalhar o sono do seu filho e piorar sua ansiedade social, o uso excessivo de smartphones o expõe a quantidades incalculáveis de campos eletromagnéticos (CEMs). No meu livro mais recente, “Os segredos da saúde celular: Um guia para alcançar a longevidade e a felicidade”, explico como os CEMs, sobretudo os de fontes artificiais, são um grande desregulador da energia celular.
Quando os CEMs penetram no seu corpo, eles interferem na função mitocondrial, aumentando o influxo de íons de cálcio nas células. Uma vez que suas células apresentam níveis elevados de cálcio intracelular, radicais livres prejudiciais são produzidos, levando ao aumento do estresse oxidativo. Para uma análise mais profunda desses mecanismos, recomendo que você leia meu livro; o e-book já está disponível, e a edição impressa será lançada em breve.
A energia celular não é o único aspecto da saúde do seu filho afetado pelos CEMs. A sua saúde reprodutiva também está em risco. Em um estudo de 2023, pesquisadores notaram que homens que usavam seus celulares mais de 20 vezes por dia apresentavam contagens de espermatozoides muito menores em comparação com aqueles que usavam seus telefones apenas uma vez por semana ou menos.
A lista abaixo mostra algumas estratégias que ajudam a minimizar os CEMs do seu filho e a dormir melhor à noite:
- Desligue as fontes de eletricidade do seu quarto durante a noite. Isso funciona em geral para reduzir os campos elétricos provenientes dos fios nas paredes, a menos que exista alguma área ao lado do seu quarto. Se for esse o caso, você precisará usar um medidor para determinar se também precisa desligar a energia no cômodo ao lado.
- Use um despertador de pilha, de preferência sem luz.
- Substitua lâmpadas fluorescentes compactas por lâmpadas incandescentes. O ideal seria remover todas as lâmpadas fluorescentes da sua casa. Além de transferirem corrente elétrica para o seu corpo se você estiver perto das lâmpadas, elas emitem uma luz prejudicial à saúde.
- Se você precisa utilizar Wi-Fi, desligue quando não estiver usando, sobretudo durante a noite quando você estiver dormindo. O ideal é ter conexões físicas com a internet e poder eliminar o Wi-Fi. Se possível, tente cabear sua casa com fios. Se você tiver um notebook sem nenhuma porta Ethernet, um adaptador USB Ethernet permitirá que você se conecte à Internet com uma conexão com fio.
- Evite usar seu celular e outros dispositivos eletrônicos pelo menos uma hora (de preferência várias) antes de dormir.
Estabeleça um programa de desintoxicação digital para seu filho
Você acha que seu filho está passando muito tempo no smartphone? Se você perceber que ele está mais retraído e desenvolvendo ansiedade social, seria sensato iniciar uma “desintoxicação digital”. Jonathan Haidt, Ph.D., psicólogo social da Universidade de Nova York, recomenda seguir estas quatro dicas como “normas” para ajudar a acabar com o vício em smartphones entre seus filhos:
- Nada de smartphones antes do ensino médio (por volta dos 14 anos).
- Nenhuma conta em rede social até os 16 anos.
- Escolas sem celular, com uso restrito ou nulo durante o horário letivo.
- Dê às crianças mais independência, brincadeiras livres e responsabilidades no mundo real.
De acordo com Haidt: “Se fizermos essas quatro coisas, podemos resolver esse problema nos próximos um ou dois anos”. Além disso, ele diz: “Não vamos queimar a tecnologia, [mas] precisamos adiar isso”. Adultos também são recomendados a modificar e incorporar essas dicas em sua rotina, pois eles não são imunes aos efeitos das redes sociais.
Em um estudo publicado em Worldviews on Evidence-Based Nursing, as redes sociais entre faixas etárias mais velhas (em particular jovens adultos) aumentam a depressão, a ansiedade e a solidão.
Para ajudar você com o detox digital do seu filho, comece o processo de forma gradual, com metas realistas em mente. Por exemplo, pergunte ao seu filho quanto tempo ele pode ficar longe do celular e use isso como ponto de partida. Outra dica é identificar seus padrões de uso atuais e os aplicativos específicos que consomem mais tempo e, então, definir limites.
Também é sensato criar “zonas sem celular” em sua casa, como a mesa de jantar e o quarto (sobretudo antes de dormir e depois de acordar) para cultivar espaços livres de distrações digitais. Não usar dispositivos enquanto trabalham em projetos pessoais ou hobbies também os ajudará a se distanciarem ainda mais dos celulares.
Incentive seu filho a se divertir com seu novo tempo livre
É inevitável que um detox digital crie um espaço na rotina do seu filho. Para preencher o tempo vazio que antes era ocupado pelas redes sociais, seria sensato substituí-lo por atividades enriquecedoras. Aqui estão algumas ideias para você começar:
Fonte: mercola