Apostamos que o seu pai é mais velho que sua mãe. Estamos acostumados com este fenômeno. No estado de São Paulo, por exemplo, a idade média dos homens ao ter o primeiro filho é 31,9 anos; das mães, 28,9 anos. Esta diferença etária foi verificada em 2021 – mas essa tendência existe há pelo menos 250 mil anos.
É o que afirma um novo estudo, publicado na revista Science Advances por pesquisadores da Universidade de Indiana (Estados Unidos). Estudando no DNA humano moderno, eles descobriram que a idade média dos pais durante a concepção ao longo deste período foi de 26,9 anos – 30,7 anos entre os homens e 23,2 anos entre as mulheres.
Os pesquisadores de Indiana traçaram este perfil após perceberem que poderiam prever a idade em que homens e mulheres tiveram filhos a partir dos tipos de mutações de que eles passaram para a geração seguinte. Pais mais velhos transmitem mais mutações do que os pais mais jovens, e o número de mutações ainda varia entre os sexos.
Como foi o estudo
Um programa de computador usou os dados de 1,5 mil islandeses e seus respectivos pais para “aprender” a associar determinadas mutações genéticas e suas frequências com a idade e o sexo dos progenitores. Então, esse programa analisou um banco de dados com genomas de 2,5 mil pessoas modernas, de todo o mundo – e assim chegou nas idades médias dos nossos ancestrais em diferentes épocas.
A idade de concepção, claro, flutuou ao longo dos 250 mil anos, mas sempre havia alguma diferença etária entre os papais e mamães. Segundo Richard Wang, primeiro autor do estudo, a idade elevada dos homens pode ser explicada pelo fato de eles serem biologicamente capazes de terem filhos mais tarde do que as mulheres.
Mas este também é um fenômeno construído socialmente: em sociedades patriarcais, existe uma pressão social sobre os homens para que eles atinjam determinado status social antes de se tornarem pais, por exemplo.
Outros pesquisadores destacam que mutações genéticas de causas variadas podem ser atribuídas injustamente à idade dos pais – e, por isso, fazer reconstruções relativamente precisas sobre quando as pessoas tiveram filhos na história da humanidade depende da amostragem de mais populações.
“O DNA encontrado em cada uma de nossas células”, diz Wang, “oferece uma espécie de manuscrito da história evolutiva humana”.
Fonte: abril